Resumo |
O fenômeno do Big Data, o grande conjunto de informações produzidos no mundo digital que transcende a capacidade das ferramentas tradicionais de armazenamento em banco de dados (Lima Júnior, 2012), trouxe inúmeras consequências. Seu uso não se limita a grandes empresas ou centros de pesquisa. Na vida de pessoas comuns, o Big Data tem estimulado um novo hábito social, o automonitoramento, que utiliza a coleta de dados como forma de aperfeiçoamento identitário e para processos de autoconhecimento (Nascimento, 2014). Daí, surgem as tecnologias wearables, ferramentas tecnológicas vestíveis, acopladas ao corpo, em sua grande maioria em formato de acessórios, como pulseiras e relógios. As pessoas agora são capazes de quantificar as mais variadas ações em seu dia-a-dia e tomar esses dados de forma a compreender e aperfeiçoar sua vida nas mais diversas formas. O número de passos ou quilômetros percorridos, batimentos cardíacos por minuto ou o ganho ou a perda de calorias, dados que antes, por exemplo, interessavam especialmente a esportistas, passa a ser do interesse de pessoas comuns, que enxergaram no automonitoramento, uma ferramenta de autoconhecimento e praticidade. Mediante a importância de compreender um fenômeno contemporâneo que remodela comportamentos sociais e caracteriza uma nova relação entre os indivíduos diante dos dispositivos tecnológicos, o objetivo deste pesquisa é identificar como a mídia nacional apresenta o surgimento dessas tecnologias usadas para o automonitoramento. Especificamente, identificar matérias sobre o tema, analisar os enquadramentos jornalísticos das matérias selecionadas e observar os elementos presentes no texto que sustentam enquadramentos, tais como o posicionamento em relação às tecnologias de automonitoramento, através de fontes utilizadas e testemunhos de usuários. A metodologia utilizada está sendo a análise de conteúdo, selecionando as matérias da Revista VEJA, através de seu acervo digital, ordenando-as em uma grade de análise, que sistematiza informações gerais sobre as matérias (data, edição, número de páginas etc) e os elementos textuais e visuais que sustentam determinados enquadramentos para fins de comparação e interpretação. A interpretação é sustentada pelas teorias jornalísticas de agenda-setting e framing, baseadas nos conceitos de Goffman (1974), McCombs e Shaw (1972), mas também em interpretações de autores mais recentes, como Antunes (2009) e Traquina (1995). A pesquisa ainda está em andamento com previsão de finalização para março de 2018, mas já foram identificadas três categorias de matérias selecionadas até então: matérias que apresentam juízos de valor acerca das tecnologias de automonitoramento, matérias que apresentam essas novas tecnologias e quaisquer matérias que fazem referência ao tema de forma abrangente. |