Resumo |
A família Orchidaceae é uma das mais numerosas do Reino Vegetal, porém, devido ao extrativismo e à destruição do seu ecossistema, muitas espécies estão desaparecendo ou em risco de extinção. As orquídeas possuem sementes muito pequenas e por não possuirem endosperma e cotilédone, necessitam do fungo micorrízico para a sobrevivência na natureza. A identificação correta desses fungos é necessária para melhor caracterizar a biologia da associação e, assim, dar suporte a programas de conservação das orquídeas. Duas espécies de orquídeas, Cattleya cinnabarina e Cattleya caulescens, foram coletadas em Mariana – MG e trazidas para o Laboratório de Associações Micorrízicas, DMB/UFV. Isolados fúngicos obtidos foram caracterizados via PCR (primers ITS1 e ITSTul) e sequenciamento. Após obtenção das sequências, elas foram alinhadas no software Sequencher e no DNAsp identificamos os haplótipos. A identificação em nível de espécie quando possível foi realizada com a ferramenta BLASTn (NCBI). Vinte e duas sequências foram obtidas a partir do sequenciamento de ambos os primers. Três sequências foram iguais, com 700 pares de base (pb), e foram de isolados obtidos de C. cinnabarina, denominado conjunto A. As sequências apresentaram 3 sítios com picos duplos (ambíguos), o que sugere que os dois núcleos presentes nesses fungos sejam distintos. Desses sítios, dois foram Y (nucleotídeos C e T) e um foi S (nucleotídeos C e G). As demais 19 sequências também foram similares entre si formando o conjunto de dados denomidado B, com 674 pb. Dentre essas 19 sequências, apenas uma (HB07A) apresentou um sítio ambíguo (Y) e a sequência foi duplicada, em uma sequência o nucleotídeo C foi mantido e em outra o T. Assim, o conjunto B passou a ter 20 sequências. Esse conjunto B apresentou dois sítios polimórficos, que geraram três haplótipos diferentes. O mais frenquente se repetiu em 12 sequências, 10 de isolados obtidos de C. caulescens e 2 de C. cinnabarina. O segundo haplótipo mais frequente, em seis sequências, também abrangeu isolados de ambas as espécies (dois isolados obtidos de C. caulescens e quatro de C. cinnabarina). O terceiro haplótipo se repetiu duas vezes (apenas de C. cinnabarina). O BASTn foi realizado com uma sequência (a mais frequente) de cada um dos conjuntos de dados. Para o conjunto A, encontramos 10 sequências no banco de dados (>95% identidade), sendo 6 delas identificadas apenas como pertencente à famíliaTulasnellaceae. Já no segundo grupo, o B, 90 sequências foram encontradas do banco de dados (>95% identidade), sendo 46 Tulasnella calospora. Assim, há grandes chances de o conjunto B pertencer a espécie T. calospora, enquanto o conjunto A apenas confirmamos pertencer à família Tulasnellaceae. Os isolados avaliados de C. cinnabarina apresentaram mais haplótipos e possuíram ambiguidades, o que os tornam mais diversos em relação aos isolados de C. caulescens. Isso pode ser um fator limitante para esta última espécie, visto que está em risco de extinção. |