Resumo |
O estudo sobre a interação de DNA-ligante é um campo interessante para várias áreas do conhecimento. Pesquisas nessa área podem ajudar a elucidar desde questões fundamentais sobre processos intracelulares, como a replicação e tradução do DNA, até questões médicas, como a compreensão de como quimioterápicos podem afetar o DNA de células cancerosas e inibir sua replicação. No contexto dos quimioterápicos, a pixantrona é uma droga nova e, por isso, muito pouco é conhecido sobre sua interação com o DNA. Seu desenvolvimento foi motivado pela necessidade de uma droga que possuísse propriedades antitumorais semelhantes às da mitoxantrona, mas que fosse menos cardiotóxica. Neste trabalho investigamos a interação da pixantrona com moléculas de DNA usando a técnica de pinçamento óptico. Para os experimentos as amostras de DNA foram preparadas de forma que uma ponta da molécula ficasse presa em uma lamínula, enquanto a outra ficasse presa em uma microesfera de poliestireno. Em seguida foi utilizado um laser para capturar a microesfera e realizar o estiramento do DNA. Esse procedimento foi realizado para várias concentrações de pixantrona e, para cada concentração, foi obtido o gráfico de força por extensão, de onde é possível extrair parâmetros mecânicos do sistema DNA-ligante, como comprimento de contorno e comprimento de persistência. Os trabalhos ainda estão em andamento e, portanto, ainda não é possível fazer afirmações definitivas quanto à interação da pixantrona com o DNA, porém os resultados obtidos até o momento mostram indícios de intercalação, caracterizada por um aumento do comprimento de contorno. Além disso, o fármaco parece sofrer saturação em concentrações consideravelmente mais baixas que a doxorrubicina, o que poderia indicar uma maior facilidade da pixantrona em se ligar à molécula de DNA. Também pudemos perceber que para concentrações mais altas, o DNA passa pelo processo de condensação, algo similar ao que havia sido observado anteriormente para a mitoxantrona. Ainda é necessário realizar mais experimentos para corroborar esses resultados iniciais. Medidas de Espectroscopia de Força Atômica podem ser úteis na confirmação de que o DNA de fato sofre compactação, enquanto medidas de espalhamento de luz poderão nos ajudar a determinar se o fármaco promove a formação de agregados. |