Resumo |
Introdução: A assistência imediata ao recém-nascido (RN) a termo na sala de parto sofreu um processo de transformação nos últimos anos. A qualidade desta assistência vem sendo um dos principais meios para diminuir a taxa de mortalidade neonatal que é responsável atualmente por quase 70% dos casos de óbito no primeiro ano de vida. Em 2011, o Ministério da Saúde criou a Rede Cegonha visando qualificar a assistência Materno-Infantil e um dos objetivos é assegurar a incorporação de boas práticas ao RN, dentre elas, o contato pele a pele imediato. Esta boa prática produz benefícios a curto e longo prazo como: fortalecimento do vínculo, incentivo ao aleitamento materno, regulação da temperatura do bebê, estabilização da respiração, prevenção da hipoglicemia neonatal, auxilia na expulsão da placenta e reduz chances de intercorrências no pós parto. Apesar destes benefícios e das atuais políticas de saúde direcionadas ao RN, segundo a Pesquisa Nascer no Brasil, em 2011 e 2012, apenas 28,2% dos bebês tiveram contato pele a pele com a mãe após o nascimento. Compreende-se que a prioridade continua sendo as intervenções imediatas ao RN e não a assistência humanizada. Objetivo: Estimar a prevalência do contato pele a pele imediato e sua associação com fatores sociodemográficos, obstétricos, assistenciais e nascimento em uma maternidade de Viçosa, Minas Gerais. Metodologia: Estudo transversal, realizado com 222 primíparas por meio da aplicação de um questionário às puérperas e dados retirados do prontuário. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2015 a outubro de 2016. Os dados foram codificados, categorizados, digitados e analisados no programa Epi info 7.0. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa. Resultados/Discussão: A prevalência do contato pele a pele imediato foi de 27,93%, observou-se associação com, profissional do parto não ser o mesmo do Pré-Natal (OR 3,17; IC 95% 1,52 -6,62), presença de acompanhante (OR 3,35; IC 95% 1,67-6,73) e realização de parto normal (OR 15,59; IC 95% 7,50-32,41). Não foi encontrada associação significativa com os fatores sociodemográficos. Nota-se que a baixa prevalência está diretamente relacionada ao modelo obstétrico vigente no Brasil que é tecnocrático, marcado por intervenções desnecessárias, onde o nascimento é visto como algo patológico e medicalizado. Compreende-se que a transformação deste cenário envolve mudança de atitude dos profissionais de saúde, empoderamento das mulheres, iniciando no Pré-Natal com ações educativas segundo a determinação da Rede Cegonha. Conclusão: É primordial transformar o modelo de atenção ao ciclo gravídico-puerperal em Viçosa, incentivar o parto normal, sensibilizar os profissionais, humanizar as cesáreas e empoderar as mulheres sobre direito do acompanhante e contato pele a pele,pois este minimiza intervenções na primeira hora de vida, estimula o vínculo e promove amamentação. |