Resumo |
Introdução: no último século os países em desenvolvimento apresentaram uma mudança significativa em seu perfil epidemiológico, caracterizado pela diminuição das doenças infecto-parasitárias e um respectivo aumento das doenças crônicas não transmissíveis, com destaque para as neoplasias como uma das principais causas de morte. Apesar dos avanços atuais na área da Oncologia, ainda há um elevado percentual de indivíduos com diagnóstico tardio, ou em fases avançadas da doença, o que gera menores taxas de sobrevida e maior impacto social e familiar, proporcionando maiores demandas de cuidados no âmbito dos serviços e saúde e núcleo familiar. Logo, a existência de um doente com câncer no seio familiar conduz a uma necessidade de reorganização de toda a família, com redefinição de papéis e tarefas, repercutindo na saúde familiar como um todo, deixando-os incapazes até mesmo de realizar seu próprio autocuidado. Assim, faz-se necessário a realização de pesquisas que enfoquem não somente o paciente oncológico, mas também sua família, visto que esta fornece cuidados integrais ao membro familiar adoecido, sem estar, por vezes, preparada física, tecnicamente e emocionalmente para exercê-lo de maneira ideal e resolutiva, podendo assim comprometer sua própria saúde. Objetivo: compreender as vivências de familiares cuidadores de pessoas com câncer e as repercussões desse cuidado na dinâmica familiar e Enfermagem. Métodos: pesquisa qualitativa, realizada com sete familiares cuidadores de indivíduos com câncer de um município mineiro. A coleta de dados ocorreu de dezembro de 2016 a janeiro de 2017, através de um roteiro contendo a caracterização dos participantes e perguntas discursivas, baseadas na Escala de Zarit. Anterior à aplicação das entrevistas realizou-se um pré-teste com dois familiares cuidadores para verificar se as questões estavam de acordo com os objetivos da pesquisa, sendo excluídas da análise. A coleta de dados foi interrompida quando houve saturação dos dados. A análise dos dados foi realizada pela técnica de Análise de Conteúdo. A pesquisa respeitou os aspectos éticos. Resultados: a categoria “Sentimentos vivenciados por familiares cuidadores no processo de cuidar em Oncologia” evidenciou que os sentimentos vivenciados pelos cuidadores foram dor, medo, ansiedade, tristeza, sofrimento, sobrecarga, dentre outros, e ainda sentimentos positivos, como superação, amadurecimento e aprendizagem. A categoria “Necessidades Humanas Básicas alteradas nos familiares cuidadores” mostrou que as necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais foram afetadas no cuidador familiar, repercutindo significativamente na dinâmica familiar. Conclusões: os cuidadores apresentam riscos de desenvolver desequilíbrios na sua saúde e nas relações familiares, cabendo aos profissionais de Enfermagem um olhar diferenciado, reorientando seu processo de trabalho e desenvolvendo ações direcionadas a estes. |