Resumo |
A fertilidade masculina pode ser afetada pela exposição a poluentes ambientais, como exposição ao arsênio na água de beber, ou por desordens metabólicas crônicas, como a diabetes. Pouco se sabe sobre a ação combinada desses dois fatores sobre parâmetros reprodutivos masculinos, especialmente no epidídimo. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar parâmetros morfométricos das regiões corpo e cauda de epidídimos de ratos diabéticos expostos ao arsênio. Ratos Wistar machos (CEUA/UFV-61/2016, n=20) foram divididos em 4 grupos experimentais: Controle (C): animais não diabéticos que não receberam arsênio; Controle Arsênio (CA): animais não diabéticos que receberam arsênio; CD: animais diabéticos que não receberam arsênio; Diabetes + Arsênio (DA): animais diabéticos que receberam arsênio. Arsenato de sódio (Na2HAsO4.7H2O) na concentração 10 mg/L foi administrado através da água de beber durante 40 dias, enquanto que a diabetes foi induzida via injeção intraperitoneal de estreptozotocina. Os epididímos foram coletados e processados histologicamente para inclusão em resina. Cortes de 3 µm foram obtidos e corados em solução de azul de toluidina-borato de sódio 1%. Dez campos histológicos aleatórios foram fotografados em fotomicroscópio no aumento de 10x. Nestes campos foram avaliados parâmetros morfométricos epididimários como diâmetro do ducto, diâmetro do lúmen e altura do epitélio, em duas regiões deste órgão, corpo e cauda, utilizando-se o software Image J. Os resultados foram submetidos a análise de variância (ANOVA), sendo as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls a nível de 5%. Os resultados foram expressos como média ± EPM. Na região do corpo, houve diminuição no diâmetro do lúmen em CD (232.16 ± 15.86) e DA (229.52 ± 7.19) em relação a C (272.54 ± 10.16) e CA (276.56 ± 10.17),e aumento da altura do epitélio em CD (32.55 ± 0.82) e DA (34.10 ± 1.51) quando comparados a C (29.15 ± 0.45) e CA (28.97 ± 0.65). O aumento do epitélio pode ter influenciado a redução do diâmetro luminal. Não houve diferença entre os tratamentos para o diâmetro do ducto. Já na região da cauda, houve diminuição no diâmetro do ducto em CD (351.00 ± 10.30) e DA (353.30 ± 10.85) em relação a C (401.92 ± 19.36) e CA (410.10 ± 2.92), bem como diminuição do diâmetro do lúmen também em CD (410.10 ± 2.92) e DA (299.60 ± 10.64) quando comparados a C (356.98 ± 21.16) e CA (367.40 ±3.54), e aumento da altura do epitélio em CD (27.85 ± 0.95) e DA (26.83 ± 0.54) em relação a C (22.47 ± 1.21) e CA (21.37 ± 0.64). As alterações morfométricas na cauda aconteceram em todos os parâmetros analisados, sugerindo uma maior susceptibilidade desta região aos efeitos da diabetes principalmente, mas também da ação combinada entre distúrbio metabólico (diabetes) e contaminação ambiental (exposição ao arsênio). Portanto, pode-se concluir que alterações na morfometria nas regiões corpo e cauda no epidídimo ocorreram em ratos diabéticos e ratos diabéticos expostos a arsenato de sódio. |