Resumo |
Introdução: Cada vez mais estudos buscam preencher as lacunas na compressão da pedogênese em ambientes periglaciais. Na Antártica Marítima (AM), as condições climáticas menos severas em comparação a Antártica Continental favorecem maior atuação de processos de intemperismo químico e maior desenvolvimento dos solos. A Ilha Snow (IS) ainda é uma área com poucos estudos geológicos e ausente de informações pedológicas. A área apresenta grande diversidade litológica, complexidade geomorfológica e paisagens de exceção. O presente trabalho tem como objetivo analisar os solos da Ilha Snow e suas interações pedogeomorfológicas. Material e Métodos: Três perfis de solos representativos foram selecionados e descritos na Península President Head, Ilha Snow, Antártica Marítima. Os solos foram destorroados, secos e peneirados (2 mm) para obtenção da “terra fina seca ao ar” (TFSA). As cores em amostras úmidas e secas foram determinas de acordo com a caderneta de Munsel. Classificou-se os solos até o 2º nível categórico (Soil Taxonomy). Unidades geomorfológicas da Ilha foram identificadas, georreferenciadas, e descritas. Para compartimentação geomorfológica utilizou-se informações de cotas altimétricas, materiais, formas e processos geomorfológicos. Resultados e Discussão: Identificou-se 5 unidades geomorfológicas: praias holocênicas, terraços, plataformas baixas, plataformas intermediárias e plataformas superiores. Processos pedogenéticos são atuantes em todas as unidades, exceto nas praias. Na plataforma superior existe extensa superfície de crioplanação, onde foi descrito um perfil classificado como Turbel com patterned ground (PG) e permafrost a partir de 50 cm de profundidade. Na borda desta unidade identificou-se um Psamment, com presença de vegetação, ausência de permafrost e patterned ground semelhante ao do perfil de Turbel sendo destruído. Nas plataformas intermediárias registrou-se solo classificado como Cryept, mais profundo entre os perfis analisados (+70 cm) e com grande acúmulo de TFSA (68,6%). O acúmulo de partículas finas neste perfil pode estar relacionado a sistemas de transformações pedológicas. A área indica sinais de destruição do PG a partir de processos remontantes. A ausência de permafrost e destruição do PG sugere que a borda da plataforma superior esteve sujeita a um regime pretérito semelhante ao da superfície de crioplanação adjacente. Conclusões: Os solos identificados refletem processos pedogenéticos que sugerem elevado dinamismo na toposequência analisada. As interações da área são melhor compreendidas a partir das interpretações pedogeomorfológicas. Avanço nas discussões e melhor compreensão na evolução da paisagem da área podem ser obtidas através de análises químicas, físicas, mineralógicas e micromorfológicas. |