Resumo |
A educação nos países periféricos tem cada vez mais ocupado a atenção de organismos internacionais, como o Banco Mundial. A educação superior como todo o processo educacional a partir da rodada do Uruguai da OMC (1995) é tratada do ponto de vista econômico, sendo mediada pelas novas tendências tecnológicas e incorporada nas políticas dos Estados como campo de produção de bens e serviços. Deste modo, com esta pesquisa, analisamos as proposições do BM sobre as universidades de classe mundial, apresentada no documento, El desafio de crear universidades de rango mundial (2009) de autoria de Jamil Salmi. Dentro outros temas abordados no documento selecionamos as concepções e estratégias da produção de universidades de excelência para a economia do conhecimento; o papel de intelectual coletivo desempenhado pelos países do eixo norte (centrais) e coordenados pelo BM, produzindo orientações e reformulações à educação superior em nível global. Após o levantamento bibliográfico sobre o tema, realizamos investigação qualitativo-interpretativa e análise do documento em foco, sob o viés da Análise de Discurso Crítica (ADC). Os resultados eferidos foram: os discursos de ascensão econômica, competitividade e excelência acadêmica, prometidos com a criação de universidades e classe mundial devem ser compreendidos na lógica de gerenciamento e produção de conhecimentos pelas demandas dos setores privados; Os Estados nacionais são mediadores das UCM por meio de financiamentos robustos e seletivos, considerando os setores econômicos prioritários de cada país a serem potencializados; aprofundamento da apropriação privada dos resultados científicos de domínio público por meio de propriedade intelectual com direitos reservados a empresas e a pesquisadores individuais; com a alta concentração e centralização de capitais em setores empresariais observamos forte tendência dos países centrais e periféricos em adequarem a estrutura da educação superior às universidades de classe mundial; as prescrições para políticas a serem adotadas nos Estados nacionais sugeridas pelo documento, reforçam a necessidade de reformas estruturais na educação superior sob a pena da perda de vantagens competitivas em relação aos países que já as adotam; o Banco Mundial não somente oferece empréstimos, mas principalmente ideias para a execução de políticas públicas aos países periféricos; dentre as reformas enfatizadas, orienta-se que os aportes financeiros sejam alargados e concentrados em centros especializados; a maior percentagem de instituição de educação superior dos países que adotarem as políticas sugeridas desenvolveriam atividades de ensino, enquanto as UCMs fariam as pesquisas e estudos avançados; para finalizar, detectamos ao longo do documento a ênfase da produção de ciência para a formação profissional para atuação nos setores de bens e serviços. |