Resumo |
No Brasil, existem 281 Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem o curso de graduação em Medicina Veterinária. A maioria delas utiliza a abordagem tradicional de ensino. As metodologias ativas (MA) surgiram como possibilidade de inovação na forma de ensino, sendo que o professor passa a ser o mediador e facilitador do processo de ensino-aprendizado. O objetivo foi analisar o uso de MA em cursos de graduação em Medicina Veterinária de IES pública e privada. A pesquisa foi conduzida utilizando-se entrevistas semi-estruturadas realizadas com docentes de graduação. As entrevistas foram analisadas qualitativamente utilizando-se a análise de conteúdo, sendo determinadas cinco categorias: uso de metodologias ativas e conceitualização do termo; "teorização" da prática; mudanças nas técnicas e ferramentas de ensino utilizadas ao longo da carreira docente e desinteresse geral do estudante. Algumas variáveis foram analisadas de forma descritiva: número de docentes entrevistados; disciplinas ministradas; período do curso em que eram ministradas; carga horária total, de aulas práticas e teóricas; número de alunos matriculados; tempo de docência; formação acadêmica e didática e técnicas e ferramentas de ensino utilizadas. Foram entrevistados 37 docentes, sendo 18 da IES-pública e 19 da IES-privada, que ministravam 57 disciplinas. Os docentes da IES-pública apresentaram média de 23 anos de experiência e os da IES-privada seis anos. Todos os docentes da IES-pública eram doutores, enquanto na IES-privada apenas metade possuía esse título. Nenhum docente apresentava curso de especialização em didática no ensino superior. Os docentes da IES-pública e privada relataram a utilização de 19 e 40 técnicas de ensino e 23 e 28 ferramentas de ensino, respectivamente. Todos os docentes relataram utilizar pelo menos uma MA de ensino em pelo menos uma aula. As MA de ensino eram utilizadas principalmente nas aulas práticas. Os relatos demonstraram que, quando o estudante é ativo no processo ensino-aprendizado, ele interage melhor com a disciplina, com o docente e com os outros colegas, promovendo maior aproveitamento daquilo que é proposto pelo professor. Na IES-pública, mais da metade dos docentes não souberam conceituar o termo MA. Na IES-privada, todos os 19 docentes o conheciam. As aulas práticas estão se tornando cada vez mais teóricas, com menos utilização de animais e/ou de laboratórios de ensino. Excesso de conteúdo, carga hora horária curta e questões éticas foram as justificativas dos docentes. Com o tempo e a experiência, os docentes diminuíram a quantidade de aulas expositiva tradicionais, substituindo-as por técnicas de ensino mais ativas. Os docentes perceberam que, muitas vezes, os estudantes tratam determinadas disciplinas com desinteresse por já estarem decididos em qual grande área da Medicina Veterinária irão atuar. Conclui-se que ainda existe desconhecimento sobre MA de ensino, mas que muitos docentes já as utilizam, principalmente na IES-privada. |