Resumo |
A Ordem Didelphimorphia é constituída pela maioria dos marsupiais do Continente Americano, inseridos em uma única família, Didelphidae. É composta por 19 gêneros e 100 espécies, distribuídos desde o Canadá até o sul da Argentina, habitando diferentes biomas. No esqueleto pós-craniano, a cintura pélvica é um complexo de três ossos (ílio, ísquio e púbis) que se unem no acetábulo formando uma única estrutura, com grande variação morfológica nos marsupiais Neotropicais. Esses ossos desempenham funções na sustentação, proteção e locomoção destes mamíferos. Na cintura pélvica, Cinodontes, Monotremados e Marsupiais, apresentam os ossos epipúbicos, que se articulam na parte superior do púbis,em conjunto com músculos, performando movimentos sincronizados que auxiliam na locomoção. Os objetivos desse trabalho foram testar dimorfismo sexual e caracterizar a anatomia dos ossos da cintura pélvica em machos e fêmeas de diferentes classes etárias da espécie. Foram utilizados 30 espécimes depositados na coleção científica do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa (MZUFV).Para estimar a idade relativa, foram feitas categorias etárias de acordo com a eclosão dos últimos molares (M). Para os juvenis foi considerado o M3 eclodindo ou erupto; para os subadultos, o P3 eclodindo (podendo apresentar o DP3 ainda fixado na maxila) e M4 eclodindo; os adultos apresentaram o P3 e M4 eclodidos. Foram aferidas 14 medidas lineares da cintura pélvica e dos ossos epipúbicos. As medidas foram aferidas três vezes com paquímetro digital e apenas a média foi transformada em logaritmos. Análise de Componentes Principais (ACP) foram realizadas para observar a variação entre machos e fêmeas e entre as categorias etárias. Além disso, foi feita uma ANOVA para testar o dimorfismo sexual. o resultado da ANOVA não evidenciou dimorfismo sexual, entretanto, na ACP houve uma tendência de separação entre os sexos nos indivíduos adultos.Para a cintura pélvica, as variáveis que mais contribuíram no primeiro componente principal (CP) indicando maior variação de tamanho, foram o comprimento do ísquio e o forâmen obturador e para o segundo CP indicando variação latente de forma, foram a largura do acetábulo e a largura do ísquio. Entre as medidas do osso epipúbico, as variáveis que mais contribuíram no primeiro CP foram as duas medidas de comprimento e no segundo CP foram o segundo maior longo comprimento e largura da ponta do osso epipúbico. Estes resultados demonstram que a cintura pélvica e o osso epipúbico dos adultos são maiores do que o de subadulto e evidencia o crescimento contínuo da espécie até a erupção de todos os dentes. Não houve variação na forma na análise morfométrica, e estão sendo analisados os caracteres morfológicos da mesma estrutura para futura comparação de dados. Esse trabalho pode ser utilizado como uma ferramenta para a estimativa da idade relativa a partir da morfometria da cintura pélvica de Monodelphis americana. |