Resumo |
O mofo-branco (MB), causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Ss), é doença devastadora em áreas irrigadas de feijoeiro no Brasil. Ss sobrevive em sementes como micélio adormecido em tegumento e cotilédones. A transmissão de Ss por sementes é meio importante da dispersão de fungos. No método Neon-R para detecção de Ss em sementes, estas são incubadas em substrato de ágar semi-seletivo, PDA, alterado com azul de bromofenol e antibióticos, com pH 4.7. Esse método baseia-se na mudança da cor do substrato de azul para amarelo como resultado da ação do ácido oxálico produzido pelo patógeno. Avaliamos o efeito do número de aplicações de fungicidas (0, 1, 2 ou 3) e de genótipos (VC 17, Pérola ou Madrepérola) sobre a incidência de semente infectada com Ss (ISISs). Usamos sementes de três ensaios de campo, nos quais os tratamentos foram arranjados no fatorial 3 x 4. Esses ensaios foram realizados em Viçosa (2) e em Oratórios (1 ensaio) durante o outono-inverno, com irrigação por aspersão, em área naturalmente infestada com escleródios de Ss. Nesses ensaios, a linhagem VC 17 apresentou resistência parcial; a cultivar Pérola, resistência moderada, e Madreperola, susceptibilidade ao MB. O fungicida fluazinam (0,625 L/ha) foi aplicado no início do estágio de floração e repetido em intervalos de oito dias. De cada parcela de campo, 20 sementes aparentemente sadias foram depositadas sobre o meio de cultura de cada uma das 20 placas. Foi usado o delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições. As placas foram incubadas a 20 ºC no escuro em BOD. Após dois dias, placas com halos amarelos em torno das sementes retornaram para a BOD para observar se produziam escleródios. Após 8 a 12 dias na câmara de incubação, placas com presença de escleródios indicam que pelo menos uma semente em 20 foi infectada por Ss. Em média, os SISs foram 0,068% no ensaio de Viçosa, 2015, 0,099% no ensaio de Viçosa 2016 e 0,109% no ensaio de Oratórios 2015. As pressões de MB nesses ensaios foram baixas, baixas / moderadas e moderadas / altas, respectivamente. Em média, as SISs foram 0,090% na Madrepérola; 0,104% na Pérola e 0,146% na VC17. Em média, as SISs foram 0,181% (sem fungicida), 0,069% (uma aplicação de fluazinam), 0,028% (duas aplicações) e 0,090% (três aplicações). As SISs da Madrepérola diminuiu de 0,208% (sem fungicida) para 0,021% (uma aplicação de fungicida). Nesta cultivar, a aplicação adicional de fungicida não afetou SISs. As SISs para Pérola diminuíram entre 64% (três fungicidas) e 91% (dois fungicidas) em comparação com as colhidas de plantas não tratadas com fungicida (0,229%). Os efeitos dos níveis de fungicidas não foram claros nas SISs da VC17, na qual as SISs variaram de 0,042% (duas aplicações) a 0,167% (três aplicações). Sem fungicida, a ISISs da VC17 foi 0,104%. Nossos resultados sugerem que a aplicação de fungicidas pode diminuir a incidência de sementes de Ss em alguns genótipos de feijão comum, mas não em outros. |