Resumo |
Em arroz de várzea, a toxidez por ferro (Fe) acarreta redução no crescimento e danos morfoanatômicos. Por outro lado, a fertilização com silício (Si) confere proteção e ameniza os efeitos de uma gama de estresses bióticos e abióticos. Informações preliminares sugerem que o silício pode reduzir as concentrações de ferro em arroz sob excesso desse elemento, mas os mecanismos envolvidos nessa redução são largamente desconhecidos. Objetivou-se, dessa forma, determinar o efeito da fertilização com silício sobre a toxidez por ferro, avaliando-se aspectos morfológicos e anatômicos de raízes de arroz. Para isso, duas cultivares de arroz com tolerâncias diferenciais ao excesso de ferro (EPAGRI-109 e BR-IRGA-409, tolerante e sensível a toxidez, respectivamente) foram cultivadas em solução nutritiva não-aerada e suplementada com silício (0 e 2 mM) e ferro (25 μM e 5 mM). Raízes foram coletadas aos oito dias após a aplicação dos tratamentos, em três regiões distintas: 0-1 cm, 2-4 cm e 5-10 cm a partir do ápice radicular, sendo submetidas a técnicas convencionais de anatomia vegetal. As análises e a documentação dos resultados foram realizadas em microscópio fotônico. Em excesso de ferro, a fertilização com silício reduziu o teor de ferro em raízes de ambas as cultivares, sendo tais respostas associadas a uma maior retenção do ferro nas paredes celulares lignificadas do córtex e endoderme da raiz. Os impactos negativos do ferro sobre a anatomia foram evidenciados pela diferenciação precoce dos tecidos no que se refere à formação de aerênquima, emissão de raízes laterais próximas ao ápice radicular, desorganização e colapso celular, observando-se uma certa reversão desses efeitos nas plantas fertilizadas com silício. Em conjunto, os resultados obtidos demonstram que a mitigação da toxidez por ferro pelo silício, em cultivares de arroz, é promovida pela redução na absorção e translocação de ferro via retenção em barreiras apoplástica do esclerênquima e endoderme do sistema radicular. |