Resumo |
O desenvolvimento do músculo esquelético fetal é regulado por células mesenquimais indiferenciadas, que posteriormente se transformam em miócitos, adipócitos e fibroblastos e nessa fase os nutrientes são fornecidos pela mãe a partir da dieta ou reservas corporais. A nutrição regula a hipertrofia e/ou hiperplasia nessa fase, portanto manipulá-la aprimoraria o desenvolvimento da progênie, melhorando seu rendimento de carcaça. Nos sistemas de produção animal, suplementar o conteúdo da pastagem pode permitir melhora do desempenho animal. Assim, o objetivo desse trabalho foi determinar o período da gestação em que a suplementação de vacas Nelore exerce maior influência na expressão de genes associados ao metabolismo de energia e proteína, no desenvolvimento muscular e no desempenho de progênie. Foram utilizados 27 vacas Nelore prenhas em as quais receberam aleatoriamente os tratamentos alimentares: 1) não suplementadas durante a gestação (NNN); 2) suplementadas de 30 a 180 dias de gestação (SSN); 3) suplementadas de 181 a 281 dias de gestação (NNS). O desempenho das matrizes foi acompanhado durante o período gestacional para garantir a efetividade dos tratamentos alimentares. Vinte e um dias após o nascimento foi realizada biópsia do tecido muscular da progênie para avaliação da expressão de genes relacionados com o comprometimento de células mesenquimais indiferenciadas com as linhagens miogênica, adipogênica e fibrogênica utilizando-se a técnica de qRT-PCR. Amostras de tecido muscular foram também utilizadas para realização de lâminas histológicas para contagem do número e avaliação do tamanho de células e musculares. Além disso, foi avaliada a performance do progênie durante a fase de amamentação e ao desmame foi avaliada a área de olho de lombo e a espessura da gordura subcutânea. As análises estatísticas foram realizadas no software SAS, adotando α=0.10. Não foi observada diferença significativa no consumo da progênie (P>0,1) durante a amamentação. De forma similar, Não observou-se diferença quanto ao peso ao nascimento (P=0,883), peso final (P=0,953), ganho de peso diário (P=0,986) e área das células musculares (P=0,208) dos bezerros. Contudo, maior número de fibras musculares foi observado em bezerros do grupo SSN, os quais apresentaram também maior abundância de mRNA para os genes FGF2 (P=0,003) e PPARα (P=0,073) foram mais expressos em relação aos demais tratamentos. Para os demais genes avaliados (PPARɣ, CPT1, ZFP423 e CEBPα), não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. A área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea foi maior nas progênies NNS e SSN em comparação ao tratamento NNN. Os resultados deste trabalho sugerem que suplementar vacas em períodos específicos da gestação, principalmente no terço final, pode alterar o o comprometimento celular do tecido muscular fetal, promovendo aumento de fibras musculares e da musculosidade na carcaça. |