Resumo |
Yersinia enterocolitica é um micro-organismo psicrotrófico que pode causar gastroenterite, ileíte terminal, linfadenite mesentérica entre outras síndromes em humanos. A identificação conclusiva desse patógeno em amostras de alimentos demanda tempo e geralmente,Y. enterocolitica está presente em baixas concentrações nessas amostras, o que dificulta o isolamento. Vários protocolos para a detecção de patógenos em alimentos usando técnicas moleculares têm surgido nos últimos anos, facilitando a estudo desses micro-organismos. As técnicas moleculares são alternativas importantes, pois são mais específicas, eficientes e padronizadas. Além da pesquisa direta nos alimentos, os testes moleculares são importantes na caracterização precisa dos isolados obtidos. O objetivo desse trabalho foi detectar Y. enterocolitica por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em amostras de carne inoculadas com esse patógeno em concentrações variadas. As análises foram realizadas utilizando porções de pernil suíno picado (10 g) em sacos plásticos esterilizados (Nasco™, Fort Atkinson, WI, EUA), nos quais foram adicionados 36 mL de caldo Peptone-Sorbitol-Bile (PSB, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA). Em seguida, culturas de Y. enterocolitica ATCC 9610 (101, 102, 104 UFC/mL) foram adicionadas nos sistemas cárneos, e mantidos a 7 °C. Como controle negativo, um sistema cárneo foi preparado sem inoculação do patógeno. Alíquotas de 1 mL foram retiradas dos sistemas logo após a inoculação (0 h) e após 12, 24, 48 e 72 h de incubação, e submetidas a extração do DNA com Wizard® Genomic DNA Purification Kit (Promega Corporation, Madison, WI, EUA). O DNA obtido foi utilizado para detecção dos genes 16srRNA e inv por PCR multiplex. Produtos de PCR com 330 e 1.009 pb foram considerados como resultados positivos para 16srRNA e inv, respectivamente. Todas as análises foram realizadas em duplicata. Nas duas repetições realizadas, os controles negativos não apresentaram resultados positivos para o gene inv, indicando ausência de Y. enterocolitica nas amostras de carne utilizadas para preparo dos sistemas. Nos sistemas inoculados com o patógeno a 101 UFC/mL, a detecção de Y. enterocolitica foi possível a partir das 12 h de incubação. Nos sistemas inoculados com Y. enterocolitica a 102 UFC/mL, o resultado foi negativo em apenas uma das repetições imediatamente após a inoculação. Finalmente, a bactéria foi detectada em todos os tempos de incubação nos sistemas inoculados com o patógeno a 104 UFC/mL. O desenvolvimento de métodos sensíveis e facilmente automatizados para a detecção de Y. enterocolitica são muito importantes para a identificação desse patógeno em amostras de alimentos. O estudo demonstrou a possibilidade de detecção de baixas concentrações desse patógeno em amostras de carne artificialmente contaminadas, após 12 horas sob refrigeração. |