Resumo |
Dietas com altas taxas de proteína podem causar efeitos adversos nos animais, como hiperfiltração glomerular, e são ainda responsáveis por adaptações morfológicas nos rins. Adultos de Desmodus rotundus se alimentam exclusivamente de sangue de mamíferos, consumindo cerca de 15 a 20 mL de sangue a cada alimentação. Entretanto os filhotes, assim como no caso de todos os mamíferos, se alimentam de leite. Tem sido descrito que esta espécie, ao se alimentar, urina copiosamente por cerca de 20 minutos, para esvaziar o conteúdo da bexiga urinária. O sangue ingerido é composto de cerca de 60 a 85 g. L-1 de proteína. Na fase adulta, D. rotundus é um animal azotêmico, pois possui uma concentração de ureia no sangue de 27 a 50 mmol/L. Assim, considerando a transição da dieta leite-sangue e os produtos da digestão de uma ingestão de altas taxas de proteína, surge o questionamento: como este animal se adapta a uma alta concentração de ureia e também, provavelmente, a níveis altos de amônia no sangue? E ainda, por que este animal não desenvolveu uma progressiva falência renal devido a sua exposição a intensos estímulos para uma hiperfiltração crônica? Para realizar o experimento, 12 morcegos vampiros (6 adultos fêmeas e 6 lactentes machos) foram eutanasiados e tiveram os rins destinados a análises histológicas, posteriormente quatro parâmetros foram calculados, sendo: índice renal somático (IRS), índice córtex-medula (ICM), densidade volumétrica de túbulos (Vvtúbulos) e densidade volumétrica de glomérulos (Vvglomerular). Quando comparados entre os dois estágios de vida, o IRS aumentou consideravelmente, entretanto o ICM não apresentou variação. A densidade volumétrica de túbulos e a densidade volumétrica de glomérulos também aumentaram para os adultos em relação aos lactentes. Os dados obtidos permitem concluir que a morfologia e a função renal de morcegos vampiros sofrem adaptações com a transição da dieta leite-sangue, sugerindo que as adaptações morfofisiológicas ocorrem, primariamente, em função da dieta. |