Resumo |
O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é fonte de proteínas, peptídeos bioativos e fibras alimentares, que exercem importante efeito na prevenção de doenças e agravos crônicos não transmissíveis. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da farinha de feijão e de seu hidrolisado proteico no perfil de lipídios, no peso corporal e na deposição de gordura hepática de camundongos BALB/c alimentados com dieta aterogênica. Para o preparo da farinha, o feijão foi coccionado de forma úmida e seco em estufa a 60°C por 8h. O hidrolisado proteico (HP) foi obtido por meio de digestão enzimática com pepsina e pancreatina por 2h em pH e temperatura fisiológicos. Os animais foram divididos em quatro grupos experimentais (n=12), recebendo os seguintes tratamentos: controle negativo (CN): dieta AIN 93M + 0,5 mL de água por gavagem; controle positivo (CP): dieta aterogênica + 0,5 mL de água por gavagem + 6-propil-2-thiouracil (PTU) (10mg/kg); (AF) dieta aterogênica + farinha de feijão + 0,5 mL de água por gavagem + PTU; (AH) dieta aterogênica + HP por gavagem (700mg/Kg) + PTU. O peso e o consumo alimentar dos animais foram monitorados semanalmente. Colesterol total, triglicerídeos e LDL-c foram avaliados por métodos colorimétricos e o material histológico foi emblocado em resina e corados com azul de toluidina. Os animais do grupo AH apresentaram menor (p<0,05) consumo alimentar (4,63 ± 3,44 g/dia) e ganho de peso (7,35 ± 2,00 g) comparado aos demais grupos, correspondendo a uma redução de 14,5 % e 27,4%, respectivamente. Os grupos AF e AH apresentaram níveis de colesterol total inferiores (p<0,05) ao grupo CP (22,5 e 21,1%, respectivamente), entretanto, não diferiram (p>0,05) do grupo CP em relação à concentração de LDL-c. No entanto, a concentração de LDL-c no grupo AF (21,25 ± 1,16 mg/dL) foi 37,1% menor que no grupo AH (33,80 ± 4,29 mg/dL). Entre os grupos que receberam dieta aterosclerótica, a concentração de triglicerídeos não diferenciou (p>0,05), apesar de terem sido menores (p<0,05) que no grupo CN. Segundo as variáveis histológicas, os grupos CP, AF e AH apresentaram um % de gordura hepática maior (p<0,05) que o controle negativo. O grupo AF apresentou maior (p<0,05) % de núcleos, seguido do grupo AH, em relação aos demais grupos experimentais. O percentual de citoplasma no grupo AH foi menor (p<0,05) que no grupo AF e os grupos CP e AF não diferiram entre si (p>0,05). Assim, o consumo de hidrolisado proteico reduziu o ganho de peso dos animais e o colesterol total, e o consumo de feijão diminuiu a concentração de colesterol total e LDL-c. No entanto, os tratamentos não foram capazes de reduzir o acúmulo de gordura no tecido hepático. |