Resumo |
O kefir é uma bebida fermentada produzida por meio de uma mistura de bactérias e leveduras, as quais vivem em simbiose nos grãos. O consumo habitual do kefir tem sido apontado como capaz de modular a composição da microbiota intestinal, que passa a apresentar um fenótipo menos carcinogênico. Além disso, tem-se associado o uso deste probiótico na inibição do desenvolvimento da carcinogênese colorretal. Tendo em vista que o câncer colorretal possui incidência e mortalidade cada vez mais crescentes, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do consumo do kefir de leite integral na redução do desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas no cólon e reto de ratos Wistar. Trinta ratos Wistar foram alocados em três grupos experimentais (n=10): grupo controle; grupo leite integral e grupo kefir de leite integral. Na fase de pré indução (cinco primeiras semanas) animais do grupo controle (CTL) receberam 1 mL de água destilada; animais do grupo leite integral (LI) receberam 1 mL de leite integral pasteurizado e animais do grupo kefir (KLI) foram tratados com 1 mL de kefir de leite integral pasteurizado, via gavagem diariamente. Após esta fase, os animais foram submetidos à indução das lesões pré-neoplásicas com 1,2-dimetilhidrazina. A partir de então, iniciou-se a fase de pós indução, com duração de quinze semanas, na qual os animais continuaram a receber os respectivos tratamentos. A respeito dos parâmetros de crescimento, o peso corporal dos animais diferiu somente na oitava semana experimental (p = 0,013), quando a média dos animais do grupo kefir apresentou-se maior em comparação aos grupos leite e controle. Observou-se redução na contagem dos FCA no cólon dos animais que foram tratados com kefir, quando comparados ao grupo controle (p < 0,001), demonstrando, portanto, a atividade anticarcinogênica do kefir. Quanto à porcentagem de células caliciformes produtoras de mucopolissacarídeos ácidos, neutros ou ambos, não foram observadas diferenças entre os grupos experimentais. A profundidade das criptas do cólon também não foi afetada por nenhum dos tratamentos. Conclui-se que a redução dos FCA não apresentou-se como consequência das alterações na morfometria intestinal. Esta redução pode ser caracterizada como consequência de outros mecanismos ainda não avaliados, indicando a necessidade de análises posteriores, como, por exemplo, análise de marcadores inflamatórios. |