Resumo |
A obesidade é uma doença crônica não transmissível e possui grande prevalência no Brasil e no mundo. Neste cenário, estratégias dietéticas surgem pela busca por fórmulas rápidas de perda de peso. O óleo de coco tem tido importância devido ao seu apelo emagrecedor. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da ingestão do óleo de coco na composição corporal e no perfil bioquímico de mulheres com excesso de peso. Trata-se de um estudo duplo-cego, randomizado e controlado em indivíduos de vida livre, com 9 semanas de duração. Foram recrutadas mulheres de 20 a 40 anos de idade, com o IMC entre 26-35 kg/m², alto teor de gordura corporal (> 30%), não fumantes e que tinham consumo de etanol inferior a 15g/dia. Após serem adotados os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionadas 38 voluntárias. Estas foram alocadas para um dos dois grupos experimentais - controle (óleo de soja) ou com óleo de coco virgem (tratado), as quais recebiam esses óleos por meio de shakes isocalóricos oferecidos no café da manhã. O café da manhã foi bem tolerado por todas as voluntárias durante o período de intervenção. A avaliação antropométrica mostrou que o peso corporal, o IMC e todas as circunferências e os diâmetros abdominais sagitais diminuíram após a intervenção em ambos os grupos (P≤0,05), com exceção da circunferência da coxa no grupo do óleo de coco, que não mudou. No entanto, não houve diferença estatística entre os grupos nas mudanças dos valores basais para todas as variáveis avaliadas. Quanto às medidas da composição corporal, a massa magra e a gordura ginóide não foram afetadas por nenhum tratamento. Houve diminuição na gordura corporal total e na gordura truncal em ambos os grupos. Porém, apenas o grupo controle apresentou a porcentagem de massa de gordura androide reduzida após a intervenção. O perfil sérico de ácidos graxos avaliado mostrou que o ácido laurico e mirístico aumentou pós-prandialmente somente após 9 semanas de consumo de óleo de coco virgem (P ≤ 0,05). Não houve diferença nos ácidos graxos mono e poliinsaturados analisados no primeiro dia e após 9 semanas. A pressão arterial sistólica foi reduzida após os dois tratamentos, mas sem diferença entre os grupos. A pressão arterial diastólica não alterou ao longo do tempo em ambos os grupos. Houve diferença entre as mudanças na concentração de HDL-c entre os grupos devido à diminuição dos valores de HDL-c no grupo controle após o período de intervenção. A glicemia de jejum foi reduzida após 9 semanas no grupo controle. O óleo de coco aumentou a concentração total de AST pós-prandial nas voluntárias ao longo das 9 semanas. Conclui-se, então, que o óleo de coco não é uma boa estratégia dietética quando se objetiva a perda de peso e de gordura corporal e seu uso não deve ser incentivado para práticas de controle de peso. |