Outros membros |
BRUNNA PATRICIA ALMEIDA DA FONSECA, Danilo Manzini Macêdo, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, JULIANA CHAVES DA SILVA, Lorena Chaves Monteiro, Marina Martins Santos, Polyana Galvão Bernardes Coelho, Thayne de Oliveira Silva |
Resumo |
A artrite séptica é definida como um processo infeccioso que afeta a articulação, podendo comprometer a região óssea subcondral. Caracteriza-se por distensão da cápsula articular, aumento de temperatura local, além de produção excessiva de líquido sinovial, com alterações físico-químicas e microscópicas do mesmo. Sua composição alterada pode causar efeitos deletérios à cartilagem articular. O objetivo desse relato foi registrar a ocorrência de artrite séptica associada à osteomielite em uma mula de cinco anos de idade. O animal foi atendido no Hospital Veterinário (HOV) da Universidade Federal de Viçosa, com histórico de claudicação após realizar cavalgada doze dias antes do atendimento. Durante exame físico foi observado aumento de volume da articulação tibiotársica do membro pélvico direito, com presença de fístula drenando exsudato purulento na superfície medial do tarso. A consistência da região era amolecida, e a temperatura elevada. O animal apresentava claudicação grau 4/5 (Sistema de Graduação de Claudicação da American Association of Equine Practioners). O exame radiográfico da região (projeção dorsomedial-plantarolateral) revelou extensa área de radiotransparência na superfície plantarolateral do sustentáculo do talo. Também foi realizado exame ultrassonográfico, onde foi observada área hipoecóica e presença de raros pontos hiperecóicos, indicando lesão no tendão do músculo flexor digital profundo (TFDP) e, provavelmente, fibrina. O diagnóstico foi de artrite séptica com osteomielite do sustentáculo do talo, e discreta tendinopatia do TFDP. O equino foi tratado com cefalosporina 2,2 mg/kg, via intramuscular, a cada 12 h, durante sete dias, associado à gentamicina na dose de 6,6 mg/kg, diariamente por via intravenosa, por um período de cinco dias. Adicionalmente, foram realizadas três aplicações a cada 48 h de gentamicina (2,2 mg/kg) por perfusão regional (veia safena). A região afetada foi tratada também com gelo (30 min/dia) e dimetilsulfóxido tópico (duas vezes/dia), durante 15 dias. Uma semana depois de iniciado o tratamento houve marcada melhora do quadro. Nesse momento, utilizando o protocolo anestésico de detomidina 0,02 mg/kg como medicação pré-anestésica; cetamina 2 mg/kg e EGG 10% para indução; isoflurano para manutenção, e lidocaína sem vasoconstritor para bloqueio dos nervos tibial (15 mL) e peroneal (20 mL) foi realizada curetagem cirúrgica da região radiotransparente. Após cirurgia, foi dada continuidade da terapia com cefalosporina por mais dois dias, e aplicações a cada 48 h de gentamicina perfusão regional, além de fenilbutazona (4,4 mg/kg/ intravenosa, a cada 24 h/5 dias). O animal recebeu alta 12 dias após dar entrada no HOV, ficando o proprietário responsável pela continuidade do tratamento local com gelo e dimetilsulfóxido tópico. Após 60 dias, o proprietário relatou que o animal cessou completamente a claudicação, comprovando a eficácia do tratamento clínico associado ao cirúrgico. |