Resumo |
Na história dos desenhos animados fica evidente que o desenvolvimento resulta do aperfeiçoamentos técnico sendo seu principal traço a manipulação planejada e verossímil das imagens através de recursos tecnológicos. Ligada à indústria cultural, a animação adequa-se a valores artísticos e de mercado e, sendo produto industrial, a sua veloz renovação justifica os ainda escassos estudos e a falta de consensos a respeito de seu valor artístico. Talvez mais do que em outras formas de arte, na animação o desenvolvimento do seu meio audiovisual pelas inovações técnicas altera radicalmente o modo como a mensagem será produzida e o seu tipo de relação com o público. Na história recente da animação brasileira, a indicação ao Oscar de "O Menino e o Mundo" (2016), de Alê Abreu, demonstra que passamos por um momento de renovação da mídia, cuja projeção internacional era quase inexistente há poucas décadas. Objetiva-se nessa pesquisa traçar um percurso do desenvolvimento dos trabalhos comerciais de animação no Brasil, do início do século XX com as primeiras obras de cinema, até as produções mais recentes, observando nesse recorte temporal quais elementos influenciaram quantitativamente sua produção e a adesão do público. Para tanto, fez-se a revisão bibliográfica dos poucos textos sobre o tema já publicados no país, como MORENO (1978), NESTERIUK (2011) e ATHAYDE (2013), além de se proceder com uma investigação própria dos editais de fomento à animação nacional, de entrevistas concedidas por profissionais do meio e de catálogos dos estúdios brasileiros. Conclui-se que a animação no Brasil, embora presente desde os princípios da sua difusão no ocidente, não teve a possibilidade de se expandir principalmente pela falta de recursos técnicos. Isso justifica a existência quase exclusiva, ao longo do século XX, de obras independentes, de pouca projeção, ou de curtas animados com fins publicitários. Com o custo das obras importadas menor que o das nacionais, medidas protecionistas e de incentivo, parte do Programa Nacional para o Desenvolvimento da Animação Brasileira (Proanimação), de 2008, têm viabilizado a produção e transmissão em números mais expressivos de séries de animação brasileiras de qualidade na rede pública e privada de televisão. No futuro da animação do Brasil projeta-se, enfim, o aproveitamento do seu potencial econômico e cultural. |