Resumo |
O arsênio (As) é um metal pesado amplamente encontrado na natureza nas formas inorgânicas de arsenato e arsenito de sódio. A exposição do indivíduo a altas concentrações de As pode ocasionar alterações degenerativas e inflamatórias em vários sistemas orgânicos, como nervoso, cardiovascular e reprodutor masculino. Porém, existem poucas informações sobre os danos causados por baixas concentrações desse metal em órgãos reprodutores masculinos, como a concentração de 0,01 mg/L, que é considerada a concentração máxima de As tolerada na água de beber. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da exposição de baixas concentrações de As, nas formas de arsenato e arsenito de sódio, sobre enzimas antioxidantes e morte celular no testículo. Ratos machos Wistar (n=30) foram pesados e randomicamente divididos em cinco grupos (n=6/grupo). Animais controle receberam salina (0.9% NaCl), enquanto os outros animais foram expostos ao As nas formas químicas de arsenato ou arsenito de sódio, por via oral por 56 dias. Foram testadas as concentrações de 0.01 e 10 mg/L para cada forma química. Para avaliação do estresse oxidativo, amostras de tecido testicular (100 mg) foram homogeneizadas em tampão fosfato usando um homogeneizador e depois centrifugadas. Os sobrenadantes foram utilizados para análise da atividade enzimática de catalase (CAT), glutationa S-transferase (GST), superóxido dismutase (SOD), além dos metabólitos malondialdeido (MDA) e óxido nítrico (NO). Já para a análise de morte celular, secções histológicas do tecido testicular foram coradas com laranja de acridina e iodeto de propídio. Imagens dos campos histológicos foram digitalizados em fotomicroscópio de florescência e as células foram classificadas como células viáveis (núcleo verde) e células apoptóticas (núcleo vermelho-laranja). Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância (ANOVA), sendo as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls ao nível de 5% de significância. As análises das enzimas de EO mostraram que a atividade da CAT reduziu em animais expostos ao arsenito nas duas concentrações. A atividade de GST reduziu em animais expostos ao arsenato nas duas concentrações e arsenito na concentração de 10 mg/L. Animais expostos ao arsenato na concentração de 10 mg/L apresentou aumento de MDA testicular. Não houve diferenças entre os grupos para a atividade de SOD e produção de NO. A geração de espécies reativas ao oxigênio (ROS) nestes grupos pode ter influenciado a presença de células da linhagem germinativa em apoptose dentro dos túbulos seminíferos nos animais expostos a 10 mg/L de arsenato e arsenito de sódio nas duas concentrações. Portanto, pode-se concluir que arsenito e arsenato de sódio, nas concentrações de 0,01 e 10 mg/L, causaram alterações na atividade de enzimas antioxidantes testicular, bem como apoptose em células da linha germinativa. |