Resumo |
Cecropia sp. (Urticaceae), conhecidas como “Embaúba”, são plantas neotropicais e com um tronco oco que vivem em simbiose com formigas, especialmente do gênero Azteca (Dolichoderinae), que ocorrem em uma vasta área do Brasil, caracterizadas por construírem um ninho oval, de cartão, ou estabelecê-lo dentro do tronco de Cecropia, que foi o foco deste estudo. Dentre as diversas relações mutualísticas destas espécies, observa-se a presença do próstoma, um pequeno furo no tronco que facilita a entrada de rainhas colonizadoras, oferecendo abrigo para as formigas nidificarem em seu tronco oco e em troca estas defendem a planta de herbivoria e patógenos, de modo que ela cresça com mais vigor. O estabelecimento de colônias acontece quando a Cecropia possui por volta de um metro, com o desenvolvimento das triquílias, localizadas na base do pecíolo da folha, que produzem uma substância rica em glicogênio conhecida como Corpúsculo Mülleriano, que é fonte de alimento para as formigas Azteca. Algumas observações preliminares indicaram que plantas jovens possuem mais de uma rainha ao longo de seu tronco, e à medida que crescem, esse número tende a diminuir para uma única rainha. No entanto, não existem trabalhos que testaram essa relação. A partir disso, o objetivo do presente trabalho foi testar a existência de uma relação negativa entre o número de rainhas e o tamanho da planta. Para isso, foram amostradas 30 plantas de três localidades de Viçosa-MG: Mata do Paraíso e Mata da Biologia, ambas pertencentes à Universidade Federal de Viçosa, e uma região próxima à cidade de Coimbra. Foi medida a altura, o diâmetro das plantas e o número de rainhas presentes. Após a coleta de dados, foi feito um GLM que demonstrou que existe uma relação negativa entre o tamanho da planta e número de rainhas (Deviancia1,50 =16,68; p<0,001). A partir disso é possível concluir que ao longo do crescimento a Cecropia perde colônias de Azteca, restando apenas uma que passa a ocupar maior parte do tronco oco. |