Resumo |
A teoria clássica da Mecânica dos Solos ocupa-se do comportamento de solos em condições saturadas ou eventualmente secos. No entanto, muitos projetos geotécnicos envolvem solos em condições não saturadas. Para caracterizar o comportamento dos solos nesta condição é necessário o conhecimento de três variáveis: o teor de umidade volumétrico, a sucção e o coeficiente de permeabilidade. A relação entre o teor de umidade volumétrico e a sucção é conhecida como curva de retenção de água (CRA) e a relação entre a sucção e a permeabilidade é dada pela função de condutividade hidráulica (FCH). Para determinar a CRA existem diversas técnicas, tais como a do psicrômetro, papel filtro, tensiômetros, translação de eixos, condutividade térmica e centrífuga. A grande parte destes procedimentos demanda um tempo (semanas ou meses) elevado para determinação completa da CRA, diferentemente da centrífuga, onde a CRA pode ser determinada em algumas horas ou dias. Com o objetivo de comparar as CRA obtidas por dois diferentes métodos, o trabalho apresenta as curvas experimentais de três diferentes solos (arenoso, siltoso e argiloso) determinadas por meio das técnicas do papel filtro e centrífuga. No método da centrífuga os corpos de prova (CPs) previamente saturados são submetidos a uma centrifugação, e consequente valor de sucção, que promove uma drenagem mais rápida do fluido contido nos poros do solo. A cada velocidade de rotação, e em tempos pré-determinados, pesa-se as amostras para se calcular o teor de umidade volumétrico e assim obter a curva de retenção de água no solo. O método do Papel Filtro consiste na moldagem, saturação e secagem dos CPs até determinados valores de grau de saturação (Sr). Ao atingir o Sr desejado os CPs são colocados diretamente em contato com o papel filtro e levados para câmara úmida com o objetivo de que toda a água nos poros da amostra seja absorvida pelos poros do papel filtro; atingindo assim o equilíbrio. Após 7 dias determina-se a umidade do papel filtro e com a curva de calibração do mesmo determina-se a sucção, e consequentemente a CRA. Com as curvas ajustadas por diferentes modelos apresentados na literatura, pode-se observar que todos estes se ajustaram bem aos pontos experimentais, com erros de no máximo 3% (solo arenoso). Quando se comparou as curvas dos mesmos solos determinadas por diferentes técnicas, pode-se constatar que as curvas se apresentam bem próximas e que os parâmetros dos modelos obtidos pelas duas técnicas não apresentam erros superiores a 5%. Com a realização deste trabalho pode-se concluir que a técnica da centrífuga é uma interessante alternativa na determinação das CRA, uma vez que em poucas horas pode-se obter os resultados. Em contra partida, a técnica se mostra ineficiente para obtenção dos pontos residuais da curva devido a limitação do equipamento. Já o método do papel filtro se mostrou ineficiente na determinação dos pontos iniciais da curva devido a limitação de sucção pelo papel filtro. |