Resumo |
O componente experimental no ensino de ciências na maioria das escolas do ensino fundamental (EF) está muito aquém do necessário para uma aprendizagem significativa dos conteúdos. A metodologia mais utilizada envolve principalmente a lousa e a memorização de informações. Além de tornar o conteúdo pouco atraente, isto leva à inibição da curiosidade e não contribui para o desenvolvimento de pensamento crítico e da compreensão do que é fazer ciência. Visando contribuir para a formação de professores que valorizem o componente experimental e também para a melhoria da aprendizagem nas escolas, o projeto de extensão Jovem Cientista vem atuando junto a estudantes dos do EF de escolas públicas de Viçosa, desde 2008, oferecendo aulas experimentais semanais na UFV. Este trabalho descreve uma abordagem interdisciplinar para o tema “Alimentos” desenvolvida pela equipe do projeto, em parceria com bolsistas do PIBID e aplicada no 1o. semestre de 2017 para 113 alunos do oitavo ano de 5 escolas públicas de Viçosa–MG. As atividades foram realizadas pelos próprios alunos, sob a supervisão de licenciandos em Química e em Ciências Biológicas no Espaço Ciência em Ação (Vila Giannetti–UFV). A primeira atividade consistiu em comparar o conteúdo calórico de alimentos. Inicialmente os alunos levantaram hipóteses sobre quais alimentos seriam mais calóricos. Depois, mediram a massa de uma porção de cada alimento (macarrão, pão e amendoim), queimaram as amostras sob tubos de ensaio com 5 mL de água e mediram a temperatura inicial e final da água. Com essas medidas, fizeram uma estimativa das calorias obtidas com a queima de cada alimento, verificando assim suas hipóteses. Durante as discussões, foram levantados conceitos de química e de biologia relacionados ao tema e foram discutidos aspectos como obesidade e desnutrição. Na atividade seguinte, amostras de alimentos (ovo, leite, carne, vegetais) foram testadas com solução de sulfato de cobre em meio básico (teste tipo Biureto) para a identificação da presença de proteínas. Neste caso, foram discutidos a importância de uma alimentação balanceada e a forma como o organismo obtém aminoácidos a partir dos alimentos para construir suas próprias enzimas e proteínas. A terceira atividade envolveu as vitaminas de um modo geral, com um experimento específico para a quantificação de vitamina C em bebidas (sucos naturais de frutas e bebidas industrializadas). A determinação foi feita por meio de reação com iodo, usando amido como indicador, e permitiu estimar quais bebidas apresentavam maior teor de vitamina C. Para completar a aprendizagem, em um quarto encontro foi realizado um jogo didático, com perguntas e respostas sobre constituintes dos alimentos, usando um tabuleiro na forma de uma pirâmide alimentar. Os estudantes participaram das atividades com entusiasmo. O jogo permitiu também uma avaliação da aprendizagem, concluindo-se que a metodologia proposta foi eficiente. |