Resumo |
O presente trabalho teve como objetivo principal a análise da peça A Megera Domada, de William Shakespeare, e de uma das inúmeras adaptações geradas a partir dessa obra. A adaptação aqui utilizada é um filme homônimo do musical da Broadway Kiss me, Kate, dirigido por George Sidney. Para tal análise, utilizamos os princípios da teoria da adaptação de Julie Sanders (2006), Robert Stam (2008) e Linda Hutcheon (2013). Discutimos, também, o conceito e o lugar do clássico nas adaptações (CALVINO, 1993; BARBOSA, BRANDÃO e TREVISAM, 2009), bem como a grandiosidade do gênero musical. Adaptar é um ato fundamental ao imaginário humano e que, mesmo sendo intrínseco à sociedade humana, sofre depreciações e julgamento de valor, sendo considerado como secundário e não-original por alguns. Esse mesmo processo de adaptação permeia diferentes áreas e ambientes, como a literatura. Obras consideradas canônicas foram e continuam sendo adaptadas e muitas dessas mesmas obras são adaptações de histórias orais, histórias da cultura local ou folclore. Pode-se afirmar, desse modo, que adaptar não é um ato recente: autores canônicos como Shakespeare transferiram “histórias de sua própria cultura das páginas para o palco, tornando-se assim disponíveis para um público totalmente distinto” (HUTCHEON, 2013, p. 22). Buscamos, portanto, desmitificar algumas dessas hostilidades identificadas a respeito das adaptações. Além disso, objetivamos analisar o musical e como ele transpõe ou relê aquilo que Shakespeare conseguiu há séculos com A Megera Domada, no que diz respeito ao enredo; o show dentro do show no musical, do mesmo modo como ocorre a peça dentro da peça na obra shakespeariana; a criação das personagens e a música, a dança e os gestos como elementos que fazem parte da construção dessas personagens. Apresentaremos o resultado da análise dos elementos que compõem e os efeitos de sentido gerados por eles nos espectadores em quatro performances presentes no musical: I Hate Men, Brush Up Your Shakespeare, Were Thine That Special Face e I’m Ashamed That Women are so Simple. |