Resumo |
Em 2015 os plantios florestais brasileiros atingiram 7,8 milhões de hectares, sendo 72% referente a plantios do gênero Eucalyptus. O estado do Mato Grosso do Sul possui a terceira maior área cultivadas com povoamentos de eucalipto do Brasil, totalizando 884 mil ha (IBÁ, 2016). O uso de práticas mais intensivas de manejo tende a desestabilizar a matéria orgânica dos solos (MOS) influenciando no desenvolvimento sustentável e na manutenção da produtividade das florestas plantadas. Conhecer a origem do C presente no solo tem-se apresentado como uma ferramenta útil para os estudos que objetivam esclarecer a dinâmica da MOS. Desta forma, técnicas isotópicas envolvendo isótopos estáveis de C (ex. 13C), sobretudo quando há uma discriminação isotópica natural (abundância natural de 13C e 12C) tem sido uma opção mais acurada em estudos que envolvem a mudança de uso dos solos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar mudanças nos estoques de C da matéria orgânica particulada (C-MOP) e da matéria orgânica associada aos minerais do solo (C-MAM) promovida pela conversão de uma pastagem degradada (plantas C4; δ13C: ± 12,0‰) em povoamento de eucalipto (plantas C3; δ13C: ± 27,0‰). O estudo foi conduzido em plantios clonais de eucalipto no inicio da segunda rotação, localizado em Três Lagoas-MS. O solo é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico franco arenoso. Anterior ao estabelecimento dos plantios florestais, as áreas eram cultivadas com pastagens de Uroclhoa decumbens. As amostras de solo foram coletadas na camada de 0-10 cm de profundidade em quatro tempos após o plantio (0, 6, 12 e 18 meses) e submetidas ao fracionamento físico e químico da MOS em MOP e MAM . Após o fracionamento, os teores de C e sua razão isotópica (expressa em δ13C) foram determinados em um analisador elementar acoplado a um espectrômetro de massa de razão isotópica (IRMS). Os resultados demonstraram que no final dos 18 meses, o estoque de C total no solo atingiu 8,87 Mg ha-1 (C-MOP: 2,74 Mg ha-1 e C-MAM: 6,12 Mg ha-1), valores que corresponde a um ganho de 35,4% de C-MOP e 9,31% para o C-MAM em relação aos valores iniciais. No inicio das medições, a porcentagem de C advindo do eucalipto (C-eucalipto) na MOP foi de 91,14% e na MAM de 40,08%, ao passo que após 18 meses a porcentagem de C-eucalipto na MOP foi de 99,28% e na MAM de 94,44%. Assim, conclui-se que os estoques de C se elevaram tanto na MOP quanto na MAM, e que o C advindo de pastagem está sendo substituído pelo C-eucalipto, contribuindo para a manutenção da produtividade e da sustentabilidade dos plantios. |