Outros membros |
Adriano Honorato Freire, BRUNNA PATRICIA ALMEIDA DA FONSECA, Danilo Manzini Macêdo, José Alexandre Melo dos Santos, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, JULIANA CHAVES DA SILVA, Polyana Galvão Bernardes Coelho, Thayne de Oliveira Silva |
Resumo |
A osteomielite cervical pós-traumática em equino é bastante dolorosa, porém o diagnóstico precoce e a rápida introdução de tratamento antimicrobiano associado à cirurgia podem melhorar o bem-estar animal. O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de osteomielite secundária à penetração de espinhos oriundos de animal conhecido como Ouriço Cacheiro (Erinaceus europaeus). Equino da raça Mangalarga Machador, com três anos de idade foi atendido no Hospital Veterinário (HOV) da Universidade Federal de Viçosa com histórico de contato com ouriço três meses antes da chegada ao hospital. Vários espinhos ficaram fixados na região do pescoço. Alguns deles haviam sido retirados e outros cortados. O exame físico revelou aumento de volume na região cervical esquerda, sensibilidade à palpação e ataxia dos membros pélvicos. O diagnóstico foi definido mediante realização de radiografias da região, onde foi constatada área de radiotransparência na quarta vértebra cervical, compatível com osteomielite. Adicionalmente, foi realizada ultrassonografia, onde foi possível observar corpos estranhos hiperecóicos (espinhos), rodeados por região anecóica (abscesso), assim como áreas de fibrose muscular. Hemograma inicial revelou leucócitos dentro dos valores de referência, porém com desvio para esquerda do tipo regenerativo. Foi iniciado um tratamento com dose única de dexametasona (0,03 mg/kg, via intramuscular); florfenicol a 40% (20 mg/kg, via intramuscular) a cada 48 horas (total de seis aplicações) e DMSO a 20% (em soro glicosado a 5%, via intravenosa), sendo duas aplicações a cada 24 horas. Esse último medicamento foi realizado no quinto e sexto dia após internamento do paciente. Passados três dias de iniciado a terapia o quadro leucocitário melhorou. Uma vez realizado o diagnóstico, o equino foi submetido a procedimento cirúrgico para a drenagem do abscesso, retirada do corpo estranho e curetagem da região radiotransparente. No pós-cirúrgico a limpeza da ferida foi realizada com solução fisiológica a 0,9%, administrada e retirada mediante utilização de uma sonda. Houve estabilização do quadro clínico após cirurgia, mas o animal permaneceu apresentando discreta ataxia, embora novo exame radiográfico tenha revelado marcada redução da região radiotransparente. Depois de seis dias de tratamento com antibióticos, o animal passou a ser tratados com sulfa associada ao trimetropim (30 mg/kg, a cada 12 horas, por via intravenosa), e recebeu alta hospitalar. Foram, no entanto, feitas várias recomendações sobre o local onde o animal deveria permanecer, tipo de alimentação e cuidados, assim como recomendada a administração de vitamina E. Ainda que seja um animal jovem, e possa apresentar melhora do quadro, dada a plasticidade neuronal, o criador foi advertido sobre o perigo em se montar um equino atáxico. Com o acompanhamento do caso clínico apresentado pode-se concluir que a osteomielite cervical é de difícil tratamento, sobretudo clínico, apesar do fácil diagnóstico. |