Resumo |
Introdução: A cultura celular vem sendo utilizada para diversos fins nos estudos realizados com animais de produção. Embora o tecido adiposo seja o foco de muitos destes estudos principalmente por conta de sua associação com distúrbios metabólicos, podemos justificar este interesse também pela forte relação entre deposição de gordura e a qualidade da carne em animais. A seleção para produção de carne com qualidade é a prioridade na indústria suína moderna, visto que a intensidade dos programas de seleção visando melhorias na eficiência alimentar e desempenho animal é apontado como o principal fator responsável pela piora do aspecto sensorial da carne suína. Objetivos: Estabelecer um protocolo simples para indução de adipogênese que requer apenas os compostos essenciais, resultando em respostas celulares mais próximas às observadas in vivo. Metodologia: Linhagem primária de tecido adiposo subcutâneo foi estabelecida. A desdiferenciação celular foi feita pelo método de ceiling culture para obtenção das células DFAT (Dedifferentiated FAT cells). As células foram cultivadas em meio DMEM/F12 suplementado com 10% de soro fetal bovino. Dois métodos de adipogênese foram testados, um para testar a necessidade ou não de manutenção da insulina durante o período de indução (Experiência 1) e da necessidade ou não de IBMX para ocorrência de adipogênese (Experiência 2). O método de coloração por Oil Red O foi utilizado para avaliar o acúmulo de lipídeos. Em cada período (0, 4, 8, 12, 16 dias), células dois poços de cada tratamento e protocolo foram coletadas para extração de RNA e análise de expressão gênica por qRT-PCR. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o SAS 9.4 (Statistical Analysis Institute System, Inc., Cary, NC, EUA) usando-se o nível de probabilidade de P<0,05. Resultados: Morfologicamente, observou-se que as células submetidas à adipogênese induzidas por insulina e IBMX passaram de uma aparência de fibroblastos achatados para células de forma arredondada, com início no 4º dia após a indução e permanecendo até o 16º dia. A coloração por Oil Red O confirmou o acúmulo de gotículas lipídicas em células que sofreram diferenciação. No Experimento 1 não notou-se diferença da expressão de mRNA de C/EBPα (P=0,39), PPARy (P=0,12), FASN (P=0,52), ACACA (P=0,07), FABP4 (P = 0,10), entre os protocolos de Insulina+ e Insulina-. Houve aumento da expressão de mRNA para GLUT4 em Insulina- quando comparada à Insulina+ (P = 0,02). No Experimento 2 não houve diferença da expressão de mRNA de C/EBPα (P = 0,10), PPARy (P = 0,43), FASN (P=0,87), ACACA (P=0,42) e GLUT4 (P=0,09), entre os protocolos de IBMX+ e IBMX-. Houve aumento da expressão para FABP4 em IBMX- quando comparado com o protocolo IBMX+ (P=0,01). Conclusões: Nossos resultados demonstram que o protocolo mais simples, sem IBMX e sem manutenção da insulina, pode ser utilizado para indução das células DFAT à adipogênese. |