Resumo |
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) provocou inúmeras transformações jurídicas, paradigmáticas e conceituais no sistema de saúde brasileiro. Apesar dos avanços, ainda existem desafios, sobretudo, relacionados à efetivação das mudanças nas práticas profissionais. Nesse contexto, evidencia-se o trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) como importante ator no processo de transformação dos modos de fazer saúde no Brasil. O ACS atua como mediador entre a comunidade e os serviços de saúde com potencial educativo crítico que pode contribuir para a concretização de processos de compreensão e atuação das equipes em um contexto ampliado de saúde. Assim, perante a necessidade de modificar as práticas em saúde e considerando os ACS’s como atores estratégicos nesse processo, compreende-se a Educação Permanente como uma ferramenta capaz de promover essa transformação do cotidiano das práticas. Objetivo: Relatar a experiência da prática extensionista de educação permanente com os Agentes Comunitários de Saúde por meio do projeto “O ACS: (re) construindo práticas e saberes por meio da EP (PEP/ACS)”. Descrição das principais ações: O PEP/ACS acontece há 3 anos, sendo operacionalizado por equipe formada por um docente da UFV e 8 estudantes de enfermagem. Realizam-se oficinas mensais com ACS’s, os quais possuem horário protegido durante período de trabalho para sua participação. Esta estratégia é fruto de importante parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Viçosa/MG que também participa da divulgação por meio de encaminhamento de ofício via malote. A equipe de trabalho se reúne regularmente, de 15 em 15 dias, para planejar as oficinas, prever e prover os materiais e estruturar as estratégias pedagógicas a serem utilizadas. Os temas das oficinas são elencados através da demanda dos ACS’s. As abordagens contemplam atribuições profissionais, conhecimentos clínicos e aspectos referentes à subjetividade do processo de trabalho. Este ano trabalhou-se a subjetividade do cuidado em saúde, climatério e “deficiências intelectuais” (autismo, síndrome de down, paralisia infantil, hiperatividade e deficiências físicas). Como estratégias /metodológicas, utilizou-se exposição dialogada, problematização, filmes, uso de bonecos para simulação realística e dinâmicas. Resultados: O PEP é um importante espaço de aprimoramento e desenvolvimento do “ser ACS”, proporcionando ambiente de discussão e debates, pautados em referenciais teóricos atuais e na política que respalda suas atribuições, no qual todos possuem o espaço de fala e escuta, valorizando a troca de experiências e saberes, problematização do processo de trabalho, articulação transformadora entre a universidade e serviço. Conclusões: O PEP contribui com o aprimoramento dos ACS’s e estudantes. Porém, nota-se lacunas na metodologia do projeto devido à falta de interdisciplinaridade na equipe, além do desafio de implementar atividades de dispersão. |