Resumo |
Microalgas podem ser utilizadas como fonte de energia, sendo recursos energéticos renováveis. O cultivo de microalgas pode ser feito de forma suspensa ou aderida, sendo que na primeira, diversos processos de extração da biomassa do meio líquido são necessários. Enquanto que no cultivo aderido, as células crescem fixadas a meio suporte e o maior impasse nessa forma de cultivo é a seleção de um material suporte que seja resistente às condições ambientais e às características do meio de cultivo utilizado. Nessa pesquisa objetivou-se avaliar três materiais suportes: algodão, poliéster e nylon, quanto a aderência da biomassa de microalgas. O experimento foi realizado exposto às condições ambientais e utilizando esgoto doméstico como meio de cultivo. Foram operados sistemas de produção de biomassa denominados biorreatores em filme (BFs). Utilizou-se 4 biorreatores, sendo que em apenas 3 destes foram fixados os materiais suportes, o outro denominou-se “reator branco” (sem material suporte). As coletas da biomassa foram realizadas semanalmente, sendo duas vezes na semana nos meses de julho a agosto e uma vez nos meses de setembro a outubro. Para caracterização do meio de cultivo, foram analisados oxigênio dissolvido, temperatura e pH. Foram também analisados sólidos suspensos voláteis, nitrogênio amoniacal e fósforo solúvel, seguindo a metodologia de APHA (2012). No meio de cultivo do experimento realizou-se as análises supracitadas, acrescentando-se clorofila a (NUSH, 1980; NEN 6520, 1981). Os BFs foram operados durante um período de 54 dias até o crescimento da biomassa aderida. As células residuais aos materiais suportes foram utilizadas como inóculo para o recrescimento da biomassa. Na mesma realizou-se sólidos totais voláteis (APHA, 2012) e clorofila a (NUSH, 1980; NEN 6520, 1981). Com exceção do reator branco, foram realizadas amostras compostas, coletadas em três posições diferentes dos tecidos. As remoções de fósforo foram 64,2% para o algodão; 69,5% para o poliéster; 65,4% para o nylon e 51,7% para o reator branco. As remoções de nitrogênio amoniacal foram 98,8% para o algodão; 90,7% para o poliéster; 94,7% para o nylon e 91,9% para o reator branco. Até o 54º dia de cultivo, o reator branco apresentou em média 10,1 g/m².d, enquanto que algodão, poliéster e nylon apresentaram, respectivamente, 8,4, 1,4 e 7,8 g/m².d. Ressalta-se que nesses BFs parte da biomassa também estava aderida aos materiais. Após esse período, nylon apresentou produção máxima de 44,9 g/m² após 25 dias, poliéster 50,1 g/m² após 32 dias, e o algodão 34,5 g/m² após 18 dias. Observa-se que a produtividade máxima para o nylon foi de 1,8 g/m².d, para o poliéster de 1,6 g/m².d e para o algodão de 1,9 g/m².d. Os resultados demonstraram que, quanto à remoção de nutrientes, todos os biorreatores atingiram taxas de remoções eficientes. Quanto à produção de biomassa, o algodão foi o material suporte aderente que permitiu maior aderência das microalgas, em menor tempo de cultivo. |