Resumo |
Ao constatar que umas das principais leis que regem a educação nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996, não garante o suporte necessário para a abordagem das discussões de gênero e sexualidade em sala de aula, o que se repete em outros documentos oficiais como na Constituição Brasileira e no Plano Nacional de Educação, percebemos então a necessidade de, por meio de pesquisas, abordar as temáticas referentes a gênero e sexualidade nas escolas. Isso por que por mais que a abordagem legal não seja amparada, os/as educandos/as protagonizam-na em conversas na sala de aula, nos namoros pelos corredores, nos bilhetes, nas pichações, nas escritas nos banheiros, etc. Na tentativa de investigar como estes debates ocorrem em sala de aula e de qual maneira ocorrem, é que desenvolvemos o projeto “Gênero e sexualidade nas redes vivenciadas no cotidiano das escolas” na Escola Estadual Santa Rita de Cássia. Financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), a pesquisa tem como objetivo acompanhar os fluxos da escola, em suas redes de intensidades, implícitos nas produções dos/as professores, no que se refere a temática gênero e sexualidade. Baseado no referencial teórico de Pesquisa nos/dos/com os cotidianos tendo como base autores como Nilda Alves, Carlos Eduardo Ferraço, Michel de Certeau e outros, a nossa preocupação de investigação muda “do como”, para “os efeitos” das ações do corpo docente observada no ambiente escolar referentes às questões de gênero e sexualidade. A perspectiva é desenvolver uma pesquisa não sobre mas com os participantes. Mais do que buscar marcas e regras gerais para explicar como essas temáticas são tratadas nas escolas, o interesse é o de analisar como as experiências vivenciadas nas escolas são tecidas e reinventadas pelos/com professores, dando novos significados para sua formação. Buscam-se, então, outras marcas da vida cotidiana, dos acasos, dos imprevistos, das inesperadas situações que constitui a vida da escola, em seus processos de interação, criação e recriações cotidianas. Em diagnóstico inicial nota-se que os/as alunos/as sabem da importância de discutir sexualidade no ambiente escolar e quando a demanda não parte dos/as educadores/as, os mesmos as fazem. É percebida uma "confusão' entre os/as professores/as referente à identidade de gênero e orientação sexual. Pudemos perceber também que alguns/algumas professores/as estão dispostos/as a ser protagonistas/as no debate, todavia, não se sentem preparados/as para tal ou não possuem base teórica que lhes garantam um suporte. É necessário diante disso, que se invista em cursos de especialização e formação continuada em gênero e sexualidade, movimento que percebemos que já acontece em escolas próximas a centro universitários em forma de atividade extensionista e/ou por meio de pesquisa. |