Resumo |
Introdução: A obesidade é caracterizada por excesso de gordura, sendo que o padrão alimentar pode influenciar no controle do peso corporal. Nesse contexto, as frutas e hortaliças (FH) possuem vitaminas e outros componentes bioativos capazes de modular o estresse oxidativo e estado inflamatório presente na obesidade. Objetivo: Estimar o consumo de FH, de vitaminas e associá-lo com indicadores de adiposidade em mulheres obesas. Metodologia: Estudo transversal de caráter descritivo e analítico realizado com 132 mulheres obesas (idade 43,0 ± 9,7 anos; IMC 50,9 (46,9-54,8) kg/m²), assistidas pela Equipe de Terapia Nutricional da Obesidade Grave (ETNO) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais previamente aprovado pelo comitê de ética da UFMG (nº1.966.953). O peso foi aferido em balança plataforma e a altura em antropômetro acoplado à balança e posteriormente o IMC foi calculado. O excesso de peso foi calculado subtraindo o peso atual pelo peso ideal (calculado multiplicando o IMC de 24,9 kg/m² valor máximo recomendado pela OMS pela altura elevada ao quadrado). A análise do consumo de FH e das vitaminas A, C, D e E foi realizada mediante recordatório 24 horas. A adequação do consumo de FH foi avaliada de acordo com a recomendação da OMS (≥ 400g/dia) e a de vitaminas, de acordo com as Dietary Reference Intakes A normalidade das variáveis foi testada por Shapiro-Wilk, a análise descritiva representada por frequência absoluta, relativa e mediana (p25-p75), as correlações realizadas pelo teste de Spearman. A fim de reduzir a assimetria, as variáveis foram transformadas em log. Para todas as análises adotou-se p<0,005, o software utilizado foi o SPSS 20.0. Resultados: Na amostra estudada, foi observada uma inadequação para consumo de FH de 77,9%, com consumo mediano de 203,1g/dia (86,6-368,1). O consumo de vitaminas abaixo do recomendado foi expressivo, 63,6% vitamina C, 92,4%, vitamina E, 66,7% vitamina A e 98,5% vitamina D. Um maior consumo de frutas se correlacionou com maior consumo de vitaminas C (rho=0,677;p<0,001) e A (rho=0,218;p=0,012), enquanto que um maior consumo de hortaliças se correlacionou com maior consumo de vitaminas C (rho=0,440;p<0,001), A (rho=451;p<0,001) e E (rho=434;p<0,001). O peso mais elevado (rho=-0,213;p=0,015), maior excesso de peso (rho=-245;p=0,005), maiores valores de IMC se correlacionaram com menor consumo de frutas (rho=-259;p =0,003) e menor ingestão de vitamina A (rho=-195;p=0,026). Conclusões: Nesse estudo, o consumo de FH se correlacionou negativamente com indicadores de adiposidade (IMC, peso e excesso de peso) e positivamente com vitaminas de reconhecido papel antioxidante (vitaminas A, C e E), indicando a relevância de estratégias nutricionais para estimular o consumo desse grupo de alimentos entre os obesos. |