Resumo |
O aumento da expectativa de vida, juntamente com a redução da taxa de natalidade têm contribuído para um novo panorama brasileiro: o envelhecimento populacional. Partindo-se do pressuposto que o envelhecimento é vivido de maneira pessoal, esse trabalho teve o objetivo de apresentar considerações trazidas por estudiosos em torno do conceito de envelhecimento e velhice, com o intuito de contribuir para um maior conhecimento desta temática. Trata-se de um estudo exploratório, com revisão de literatura sobre o envelhecimento e a velhice, numa perspectiva psicológica. O envelhecimento e a velhice devem ser compreendidos em sua totalidade, pois trata-se, simultaneamente, de um fenômeno biológico com consequências psicológicas. O processo de envelhecimento e a heterogeneidade da velhice têm desafiado a psicologia, principalmente após a segunda metade do século XX (BATISTONI, 2009). Conforme Araújo e Carvalho (2005), até o século XIX, a velhice era tratada como uma questão de mendicância, porque sua fundamental característica era a impossibilidade de se assegurar financeiramente, dando a noção de que ser velho significava ser incapaz de produzir de trabalhar. Moreira (2012) observa que a primeira mudança de posição em relação ao envelhecimento aparece na teoria de Erikson (1950/1998), que propõe pensar o desenvolvimento em estágios que se organizam em torno de conflitos básicos, representativos de cada momento da vida humana. Contudo, pode-se afirmar que o crescente aumento de estudos sobre o envelhecimento está relacionado às ideias de Baltes e Goulet (1970), que propõem o paradigma do Life Span; ou seja, o desenvolvimento ao longo da vida. Sobre esse assunto, Batistoni (2009) acrescenta que, à luz do paradigma life-span de compreensão do desenvolvimento humano, a heterogeneidade intra e interindividual do envelhecimento é observada ao longo de toda a vida, a partir da consideração das influências de natureza socioculturais (tais como, gênero, coortes, papéis), socioeconômicas (educação e renda), psicossociais (como os mecanismos de autorregulação do self) e biológicas (status de saúde e funcionalidade física). Na visão de Araújo e Carvalho (2005), confirma-se, portanto, o fato de que não se deve negar que a velhice constitui uma fase do desenvolvimento humano tão importante quanto às demais, merecendo toda atenção e dedicação tanto dos estudiosos do assunto como da família, da sociedade civil e, principalmente, do Estado, através do planejamento e operacionalização das políticas públicas. Diante do exposto, pode-se dizer que a velhice, apesar de ainda ser estigmatizada, como algo ruim, sem valor e inútil, caminha ao encontro de expectativas mais otimistas, tendo em vista que estudos corroboram para entender esta etapa não como fim, mas como processo em constante desenvolvimento. |