Resumo |
A Doença Celíaca (DC) é caracterizada pela intolerância permanente ao glúten, que acomete indivíduos predispostos geneticamente. Para os celíacos, situações como viajar, alimentar-se fora do lar e relacionar-se com amigos e familiares podem representar muitos problemas. Durante o pós-diagnóstico, o celíaco necessita de um processo de ensino, orientação e acolhimento para compreender sobre sua responsabilidade por seu tratamento, entretanto, grupos de apoio pós-diagnóstico no SUS e na assistência social para celíacos são raros, sendo até mesmo inexistentes, o que se torna um desafio no campo da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) para esse grupo específico. Assim, o Pró Acolhe é uma estratégia para complementar o processo terapêutico de forma a evidenciar ferramentas de apropriação do processo de autocuidado e favorecer a aceitação do diagnóstico com uma melhor adesão ao tratamento e reinserção no mundo. O objetivo do estudo foi verificar se o grupo de apoio é viável para promover a mudança de comportamento frente ao processo terapêutico da DC. A definição das pessoas convidadas seguiu três critérios: ter idade a partir de 18 anos, ter diagnóstico de Doença Celíaca e ter consultado pelo programa Pró-Celíacos I: Atendimento às Demandas Sócio- Nutricionais de indivíduos portadores de doenças intestinais, da Universidade Federal de Viçosa (UFV) – MG. Os encontros aconteceram no Laboratório de Técnica Dietética do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV e tiveram duração média de uma hora e trinta minutos. A equipe do Pró Acolhe, formada por nutricionistas e estudantes de Nutrição direcionaram os encontros e promoveram as discussões. Sete participantes de ambos os sexos e faixa etária entre 21 e 49 anos participaram do grupo. O primeiro passo foi deixar claro de que os momentos dos encontros eram “para eles e por eles” e o grupo como um todo funcionaria como suporte, construindo assim seus próprios saberes, tutorados pelos profissionais de assistência. Os encontros foram gravados e mediante todos os relatos conclui-se que a restrição ao glúten pode ser interpretada como umas das restrições alimentares de maior impacto para o paciente, por gerar também maiores restrições no convívio social e criar sentimentos de exclusão social e dificuldades nas relações familiares e com amigos. É indubitável que o grupo teve sua importância para promover a mudança de comportamento frente ao processo terapêutico da Doença Celíaca, pois criou um ambiente de troca de experiências, resolução conjunta de problemas e de engajamento sobre o processo de autocuidado, essencial para gerar maior autonomia individual e empoderamento coletivo. Notaram-se os diversos efeitos positivos da assistência em grupos para fortalecer a autoestima e o sentimento de adequação, na medida em que se percebem outras pessoas passando pelo mesmo problema, além de contribuir para adesão à dieta e consequentemente favorecer para a Segurança Alimentar e Nutricional dos celíacos. |