Resumo |
Nos últimos anos o Brasil vem sofrendo mudanças no seu andamento democrático. O que antes se restringia à dimensão dos Poderes eletivos (Executivo e Legislativo), agora repercute no Judiciário, que passou a ser convidado para a arena política, insurgindo como um novo ator promotor de direitos e moderador da luta dos interesses na nova República. Tal fenômeno vem sendo descrito por competente literatura (autores como Werneck Vianna, por exemplo), sob uma denominação hoje comum: judicialização da política e das relações sociais. Nesse contexto, juízes vem sendo “convidados” para propor e corrigir ações, sob a alegação da incapacidade do mundo da política. Diante disso, o Judiciário vem assumindo um protagonismo com grande repercussão na política nacional, alinhavando o risco do próprio Direito ter sua integridade abalada. Isso porque, Na busca por uma “justiça substantiva”, os juízes podem interpretar e reformular normas à luz de suas consequências reais, guiados por princípios gerais do Direito, sendo sensíveis às desvantagens materiais, e procurando, assim, igualdades substantivas para além da dimensão formal do Direito. Nessa busca, as instituições jurídicas correm o risco de tornar-se vulneráveis às pressões do ambiente político, ameaçando a própria capacidade de moderação das disputas. Em linhas gerais, ao ocuparem um espaço deixado vago pela política, juízes surgem como "heróis" nacionais. A partir dessa perspectiva, a presente pesquisa analisou o processo de escolha dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com o propósito de discutir tanto o perfil dos magistrados, quanto os processos de escolha que se instauraram na dimensão política. Nessa direção, a pesquisa construiu o perfil dos 25 Ministros indicados no recorte proposto, os respectivos embates sociais gerados pela indicação e a sua sabatina no Senado Federal. A pesquisa faz parte do projeto “Observatório STF e Sociedade” (Demanda Universal, FAPEMIG/2014), que discute, dentre outros, o impacto do Judiciário nas decisões políticas, e integra o Laboratório de Estudos Intelectuais, Democracia e Vida Pública (Departamento de Ciências Sociais – Universidade Federal de Viçosa). |