Resumo |
O trabalho conta analisar Novas Cartas Portuguesas (1972) de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, contribuindo com os estudos que abarcam livros de autoria feminina na Literatura Portuguesa, partindo dos estudos de gênero ao entendermos que a configuração do livro perpassa a noção de mulher e os papéis que a mesma assume na sociedade. Também intenta perceber como a arte literária se apropria e reescreve a visão da mulher, esclarecendo as dificuldades vivenciadas e criticando o mundo desigual por meio de uma narrativa bastante inovadora e polêmica. Este trabalho fundamenta-se na possibilidade de ampliar-se a discussão a respeito da obra, marco na literatura portuguesa, ao dar voz às mulheres contestando o poder patriarcal dentro de um período conturbado da história de Portugal. Em um primeiro momento da metodologia, tem-se uma revisão bibliográfica, procurando explorar dois conjuntos de estudos, correspondendo tanto às análises teórico-críticas que sondaram as linhas de força da obra estudada, quanto pelos referenciais teóricos oriundos da crítica feminista, entendendo que a mesma se constitui também como espaço de leitura e análise de obras de autoria feminina. Espera-se, a partir da análise da obra, perceber a construção das identidades femininas nas diversas narrativas que compõem a obra, assim como essa identidade parte de um eu-tu-nós feminista nessa escrita a seis mãos, também explorando a presença de núcleos temáticos em torno dos quais a narrativa se organiza, tais como os relacionamentos, o corpo e o erotismo. Novas Cartas Portuguesas se divide entre um valor estético e literário que desperta a vontade da leitura e entre um valor social que desperta a discussão do que é ser mulher e do que é ser mulher no mundo em que vivemos. Dessa forma, entende-se que estudar a ótica feminina na literatura não serve só aos estudos literários, mas tem um papel social ao pôr em questão a discussão de gêneros e a representação feminina na literatura. |