Resumo |
A eutrofização de corpos hídricos provoca um expressivo crescimento de algas levando ao desequilíbrio do ecossistema aquático. Como as técnicas convencionais de tratamento de água não possibilitam alcançar uma remoção satisfatória do fósforo (P), o desenvolvimento de novas tecnologias de baixo custo e alta eficiência torna-se essencial. Neste sentido, o uso de biocarvões como possível material adsorvente de fosfato em solução aquosa tem sido amplamente estudado. A região do Alto Paranaíba em Minas Gerais é o maior polo produtor de cenoura do Brasil, porém, entre 20 e 40% da cenoura produzida é descartada, gerando grande quantidade de resíduo. Diante desse problema, a síntese de biocarvão proveniente de cenoura poderá viabilizar uma destinação adequada desses resíduos. Sendo assim, este trabalho teve como objetivos a síntese de biocarvões provenientes de resíduos de cenoura e a avaliação dos materiais obtidos quanto às suas capacidades de remoção de fosfato em solução aquosa. Foram sintetizados biocarvões com e sem pré tratamento da matéria prima em solução de MgCl2 e em diferentes temperaturas de pirólise, sendo elas: 200, 300, 400, 500 e 600 oC. Um ensaio de adsorção em batelada foi realizado visando avaliar o efeito da temperatura pirolítica e do pré tratamento da biomassa em solução de magnésio (Mg) na adsorção de fosfato, a partir desse ensaio o biocarvão que apresentou maior taxa de remoção de fosfato foi selecionado para a realização de estudo de cinética de adsorção e construção de isoterma de adsorção. Os resultados desta pesquisa demonstraram que o biocarvão proveniente de cenoura sem pré tratamento químico não possui capacidade de adsorver fosfato em solução aquosa, provavelmente devido à sua superfície aniônica. Porém, quando é feito o pré tratamento da cenoura em solução contendo Mg, esse material passa a apresentar grande capacidade de remoção de fosfato, acredita-se que a presença de Mg na superfície do material cria uma ponte catiônica entre o biocarvão e os ânions fosfato, possibilitando a adsorção. Dentre as diferentes temperaturas de pirólise para a síntese do biocarvão/Mg que foram testadas, o material produzido a 400 oC apresentou melhores resultados, com capacidade máxima de adsorção de fosfato de 138 mg·g-1. Com isso, conclui-se que o biocarvão proveniente da cenoura modificado com Mg é um novo material promissor para remoção de P em águas contaminadas por esse nutriente. |