Resumo |
Poucos estudos avaliam os efeitos do consumo de macroalgas como alimento na saúde humana,mesmo seu consumo sendo crescente no Brasil, visto que são fonte de fibras e perfil lipídico relevante. Foi avaliada a influência do consumo da alga vermelha Gracilaria birdiae no perfil lipídico e produção de ácidos graxos voláteis em ratos recém desmamados. Conduziu-se o experimento com 24 ratos Wistar, divididos em 3 grupos que se diferiam pela fonte de fibra da dieta. Para o grupo controle foi utilizado celulose e para os grupos testes realizou-se a substituição parcial (grupo AP50%) e total (grupo AP100%) da fibra da dieta por algas. As dietas foram baseadas na AIN- 93G. O perfil lipídico do tecido adiposo e hepático foi avaliado por cromatografia gasosa, posteriormente à extração lipídica (FOLCH,1957) e esterificação (HARTMAN & LAGO,1973). Os ácidos graxos voláteis foram quantificados por HPLC com extração em ácido metafosfórico 25%. A umidade fecal foi mensurada por gravimetria. Os testes foram feitos em triplicata. Ao avaliar o tecido adiposo, observou-se que o grupo AP100 apresentou um perfil lipídico com maior concentração de ácidos poli-insaturados (32,8%±2,34) e menor concentração de saturados (22,5%± 2,37) (p<0,05), em relação aos grupos AP50 (24,9% ±2,78; 25,5% ±2,72) e controle (27,8% ± 1,67; 28,3% ±1,74) respectivamente. A substituição parcial da fibra já foi suficiente para aumentar a concentração de ácidos graxos monoinsaturados, obtendo o ácido oleico, como majoritário. No fígado, notou-se um comportamento inverso, visto que o grupo teste AP100, apresentou maior concentração de ácidos graxos saturados (principalmente esteárico) e menor concentração de monoinsaturados (p<0,05). Não houve diferença entre poli-insaturados nos grupos. A quantidade de acetato foi menor nos grupos testes (AP50 14,3±2,68; AP100 15,0 ± 3,43 µmol/g de fezes) em relação ao controle (21,8±3,47 µmol/g de fezes), sendo o butirato detectado apenas no controle (2,66±1,68 µmol/g de fezes). A produção de propionato não diferiu entre os grupos (p>0,05).A ingestão de alga contribuiu para fezes mais volumosas e úmidas, sendo esse benefício proporcional a quantidade consumida. Assim, pode-se inferir que o consumo de algas, além dos benefícios já proporcionados pelas fibras alimentares, parece favorecer a produção e utilização de ácidos graxos voláteis, sendo observado seus efeitos indiretos no tecido adiposo e hepático, provavelmente devido à regulação de enzimas relacionadas à biossíntese de ácidos graxos no organismo. |