Resumo |
Essa pesquisa que se insere no campo da didática de línguas visa a estudar o gênero diário íntimo como instrumento de ensino-aprendizagem do francês como língua estrangeira numa abordagem acional. A proposta foi elaborar um modelo didático e uma sequência didática do gênero tendo como público alvo os estudantes da disciplina de Leitura e Produção de Textos em Língua Francesa da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Para embasar nossa proposta, orientamo-nos no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECRL) e nas teorias e na metodologia do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, 1999/ 2006, 2012), o qual por sua vez, recebeu influências do campo da linguística, da sociologia e da psicologia. Dentro do ISD, ressaltamos a influência dos autores Schneuwly e Dolz (1994, 1996) que demonstraram que o ensino de gêneros pode ser sistematizado através de um modelo didático e de uma sequência didática. Também nos baseamos nas pesquisas de Machado (2004, 2009), Lousada (2004, 2009), Guimarães-Santos (2012), Rocha (2012, 2014), Dantas-Longhi (2013), Melão (2014), entre outros, que retomam o quadro conceitual do ISD e consideram o gênero como instrumento de aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Apropriando-se das noções vygotskianas de instrumento, aprendizagem e desenvolvimento, retomadas posteriormente por Rabardel (1995) e Friedrich (2010), esses autores defendem o potencial do ensino baseado em gêneros textuais para o desenvolvimento das capacidades de linguagem do aprendiz. Com a elaboração do modelo didático e da sequência didática do gênero diário íntimo, acreditamos contribuir com as pesquisas sobre o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, salientando as convergências entre uma abordagem de ensino baseada em gêneros textuais e a perspectiva acional de ensino de línguas, tal como preconizada pelo QECRL. Além disso, esperamos contribuir com o trabalho de professores de língua estrangeira, ao propor atividades que estimulem uma maior implicação e criatividade dos estudantes em sua produção textual por meio de um gênero textual mais livre, em que a subjetividade e as reflexões do autor ocupam lugar central. |