Resumo |
Em fins de 2012, estimava-se que a extensão da rede viária brasileira era da ordem de 1,7 milhão de quilômetros, com cerca de 1,4 milhão em vias não pavimentadas ou estradas de terra, em geral, com a função de transportar produtos do setor primário aos centros e unidades de consumo ou às vias de categorias superiores. Na maioria das vezes, os órgãos responsáveis por essas vias, as prefeituras municipais, não dispõem de recursos financeiros suficientes e conhecimentos técnicos adequados para a sua manutenção e reabilitação, o que resulta em superfícies de rolamento com condições inadequadas de tráfego, dificulta a circulação de pessoas e bens de capital e acarreta danos ambientais consideráveis, como o assoreamento de corpos de água e o lançamento de sedimentos provenientes de material carreado pelas águas das chuvas sobre áreas agricultáveis. Em uma visão geral, a avaliação funcional de uma via engloba os processos de identificação e caracterização de aspectos da sua superfície de rolamento ligados ao conforto e segurança do usuário, compreendendo, as modalidades subjetiva e objetiva. Na avaliação subjetiva, qualificam-se as condições de rolamento da via por notas atribuídas por usuários treinados. Em vias pavimentadas, por exemplo, isto se processa através do valor de serventia atual (VSA), que simboliza o valor médio das opiniões individuais emitidas por um painel de observadores treinados e calibrados para a aferição dos parâmetros em análise. Na avaliação objetiva, quantificam-se os defeitos da superfície do pavimento, com o detalhamento técnico do seu estado de deterioração. Como exemplo de índice de avaliação dessa modalidade em vias pavimentadas, pode-se referir ao Índice de Gravidade Global (IGG) proposto em 1978 pelo antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Com relação às estradas de terra brasileiras, um fato incontestável é que os trabalhos de avaliação funcional não têm sido extensivos, sendo, em geral, fundamentados nos procedimentos desenvolvidos pelo United States Army Corps of Engineers - USACE e aqui denominado Método de Eaton. Portanto, há carência de estudos de avaliação funcional que levem em conta particularidades das estradas de terra brasileiras, em especial quanto à susceptibilidade à erosão, traçado geométrico e estruturas de drenagem existentes. Neste projeto, buscou-se avaliar a aplicabilidade do Método de Eaton a uma estrada de terra da área de influência do município de Viçosa, Minas Gerais, abordando-se também a aplicação de práticas com viés ambiental para a manutenção da via em estudo com base nas recomendações preconizadas pelo Departamento de Transportes da Pensilvânia, dos Estados Unidos da América. |