Resumo |
O Brasil é um país agrário e devido a produção em larga escala, a agricultura encontra-se instalada nos mais diferentes biomas, expondo-os aos impactos que esta prática oferece. Desde a sua introdução comercial em 1974, o herbicida Glifosato se destaca em relação aos outros devido ao baixo custo, baixa toxicidade para animais e seu mecanismo de ação, mais pouco se sabe o impacto que o mesmo provoca na vegetação nativa quando exposta a este herbicida. Desse modo, este estudo objetivou avaliar as alterações visuais que o Glifosato provoca em Handroanthus chrysotrichus (Bignoniaceae) e Garcinia gardneriana (Clusiaceae), esclarecendo se estas espécies podem ser bioindicadoras de ambientes impactados por este herbicida. Plantas com aproximadamente oito meses de idade (n=5) foram submetidas à aplicação na parte aérea do herbicida RoundUp® ultra nas concentrações de 0, 360, 720, 1080 e 1440 g. ia ha-1. Fotografias com máquina digital da parte aérea das plantas foram realizadas durante todo o experimento (sete dias) com o intuito de determinar quanto tempo após a aplicação dos tratamentos se dá o aparecimento dos sintomas. G. gardneriana não apresentou sintomas visuais após a aplicação do herbicida em nenhuma das doses analisadas. Em H. chrysotrichus, os sintomas tornaram-se aparentes no 4 DAA (dias após a aplicação) a partir da dose 720 g ia ha-1, caracterizando regiões cloróticas as quais evoluíram para pontos necróticos amarronzados, sendo o centro mais claro que as bordas, ambos dispersos por toda a lâmina foliar. Aos 4 DAA, foi observado o início do enrolamento da borda das folhas desta espécie. Os sintomas progrediram e aos 7 DAA, além de necroses foi observado o enrolamento total e abortamento de folhas. Nas maiores doses aplicadas, isto é: 1080 e 1440 g ia ha-1, os sintomas foram mais pronunciados havendo além de abortamento de folhas, morte da planta. Análises anatômicas das folhas das plantas expostas ao herbicida estão sendo processadas. O Glifosato foi capaz de provocar alterações visuais apenas em H. chrysotrichus. Sugere-se que H. chrysotrichus seja mais sensível às doses aplicadas do herbicida do que G.gardneriana, podendo ser usada como bioindicadora da presença deste herbicida no ambiente. |