Resumo |
A capacidade produtiva do local é o potencial desse lugar para produzir madeira de determinado genótipo, para um espaçamento inicial definido. Ela é determinada pela interação entre fatores edáficos, climáticos e fisiográficos e seu conhecimento é importante em diferentes etapas do processo de produção de madeira das empresas florestais. Os métodos para sua determinação podem ser indiretos (com base em vegetação indicadora, fatores edáficos, climáticos e, ou, fisiográficos) ou diretos (com base na altura ou diâmetro de árvores dominantes em uma idade de referência). O método mais usual em mensuração florestal e manejo é a construção de curvas anamórficas de índices de local, com base na relação entre altura dominante e idade. Este método considera todos os fatores, conhecidos ou não, e suas interações, conhecidas ou não, que tem algum efeito sobre o crescimento dos indivíduos dominantes. Entretanto, o método não permite identificar como cada um dos fatores (conhecidos) afetam o crescimento em altura ou qual o efeito dos mesmos sobre a capacidade produtiva. Nosso objetivo foi avaliar como as variáveis edáficas, climáticas e fisiográficas influenciam na capacidade produtiva, expressa pelo índice de local, e obter uma equação para estimar tais índices na ausência do povoamento florestal ou em talhões não inventariados. Dados de 988 parcelas permanentes de inventários florestais contínuos, conduzidos em povoamentos de eucalipto, foram utilizados inicialmente para determinação dos índices de local das parcelas em cada idade, sendo utilizado o método da curva-guia. Em seguida, um modelo de regressão foi ajustado para estimar esses índices em função das seguintes variáveis: precipitação anual média, temperatura média anual, inclinação do terreno, radiação solar e tipo de solo. O índice de local apresentou variação de 14,0 a 37,8 m. O ajuste da regressão apresentou um coeficiente de determinação igual a 0.66 e erro padrão residual igual a 2,3 m, com erros normalmente distribuídos e variâncias homogêneas. Os parâmetros da regressão referentes à precipitação, temperatura e radiação solar apresentaram valores positivos e significativos (p<0,05), de acordo com o teste t, ou seja, quanto maior o valor dessas variáveis maior será o índice de local. O parâmetro referente à inclinação do terreno também foi significativo (p<0,05), porém com contribuição negativa. O pior tipo de solo promoveu decréscimo de cerca de 4.0 m no índice de local e o melhor, um acréscimo de, 4,7 m. Conclui-se que a correlação entre a precipitação, a temperatura e a radiação solar, com a capacidade produtiva do lugar, é positiva e significativa. Por outro lado há uma relação inversa entre inclinação do terreno e capacidade produtiva. A qualidade do local também é afetada pelo tipo de solo. Com a regressão foi possível obter um modelo com boas propriedades preditivas. |