Resumo |
O leite cru quando mantido em temperaturas de refrigeração por períodos prolongados tem a qualidade comprometida em função da multiplicação de organismos psicrotróficos como a Pseudomonas fluorescens. Para contornar este problema está sendo proposto o uso de bacteriófagos, como o fago UFV-P2, na redução do efeito proteolítico causado por essa bactéria. Em 2012 este fago demonstrou significativo efeito redutor na proteólise do leite por Pseudomonas e em 2014 mostramos que ele não se replica em bactérias gram-positivas como Staphylococcus aureus, o que é desejável na indústria de alimentos para a não inativação de bactérias láticas pelo fago. No entanto um grande desafio ao estudo e uso desse fago tem sido a manutenção de seu ciclo lítico, o que pode ser superado por meio de estudos aprofundados de propagação e caracterização do fago. Assim o objetivo principal deste trabalho foi avaliar os fatores que influenciam na propagação desse bacteriófago e caracterizá-lo com relação ao seu perfil de proteínas. A bactéria foi ativada em meio Luria-Bertani (LB), colônias isoladas foram coletas a partir de estrias e transferidas para tubos contendo meio LB líquido e incubadas a 30 ºC por 14 horas, até que atingissem a fase logarítmica de crescimento (D.O 0,7). Foram realizados testes de propagação e titulação do fago sob diferentes temperaturas, para isso alíquotas de 100 µL de suspensões contendo os fagos foram incubadas com 100 µL da bactéria (D.O 0,7) em microtubos durante 30 minutos sob 20, 30 e 40 ºC, e posteriormente incubadas pelo método de dupla camada a 30 ºC por 18 horas. Além dessa outras metodologias de plaqueamento foram testadas (meio líquido ou microgotas), posteriormente foi avaliada a propagação do fago, para isso foram feitas diluições seriadas da solução contendo o fago em meio SM, posteriormente as diluições foram plaqueadas pelo método de dupla camada e incubadas a 30 ºC por 18 horas, a titulação foi realizada também em meio Ágar Padrão para Contagem (PCA). Embora em alguns dos testes tenha sido observado crescimento limitado da bactéria quando em contato com o fago, não foi observada a formação de placas de lise individuais, independentemente da diluição realizada. O conteúdo de proteínas e suas quantificações foram verificados por eletroforese em gel de poliacrilamida a 12% sob condições desnaturantes (SDS-PAGE). As proteínas presentes no gel foram extraídas e clivadas utilizando tripsina. O sequenciamento de duas misturas de peptídeos relativas a duas bandas de proteínas recortadas do gel de poliacrilamida a 12 % revelou a presença de proteínas bacterianas e virais, sendo uma exonuclease viral já identificada. A identificação dessas proteínas permite a validação da anotação do genoma do vírus, realizada previamente por nosso grupo e essencial para o uso do fago no biocontrole de Pseudomonas na indústria. |