Resumo |
A maior parte do rebanho leiteiro do Brasil é composta por animais mestiços. Todavia, a ausência de dados sobre a exigência nutricional de fêmeas mestiças prejudica a eficiência da bovinocultura leiteira. Desta forma, objetivou-se avaliar o consumo de novilhas mestiças na fase de recria, submetidas a um plano nutricional adaptado à demanda energética para diferentes níveis de desempenho, sem contudo, afetar o desenvolvimento da glândula mamária. Foram utilizadas 22 novilhas mestiças Holandês:Zebu (H:Z), com animais de graus de sangue entre o ½ ao ¾ H:Z. O peso médio (122 ± 22,25 kg, média e desvio padrão) e a idade inicial entre 3 a 4 meses enquadravam as novilhas na fase inicial de recria. O restante das novilhas foram distribuídas de forma igualitária e aleatória em 3 tratamentos: alto ganho (AG) ganho médio diário (GMD) de 1kg/dia, baixo ganho (BG) GMD de 0,5 kg/dia e mantença (MA), onde permaneceram por 84 dias em avaliação. A dieta foi formulada com relação volumoso:concentrado de 60:40, onde utilizou-se a silagem de milho como volumoso e uma mistura de milho, farelo de soja, farelo de soja By Pass, Uréia e minerais para formulação do concentrado. O consumo de matéria seca (CMS) foi controlado diariamente através do recolhimento e pesagem das sobras, sendo adotado um nível máximo de sobra de 5% da matéria natural. O ganho de peso foi obtido pela diferença entre os pesos, inicial e final, de cada animal, onde cada um foi submetido a jejum de sólidos por 16 horas antes das pesagens. Além destas, foram realizadas pesagens a cada 14 dias para acompanhar o desempenho das novilhas e realizar correções no CMS de acordo com o acréscimo de peso. O experimento foi delineado inteiramente ao acaso, considerando o peso inicial como co-variável. Os resultados foram avaliados pelo teste Tukey-Kramer a 5% de probabilidade. Houve diferença no CMS (P < 0,001), AG (4,24 kg/dia), BG (2,55 kg/dia) e MA (1,53 kg/dia), assim como no consumo de matéria seca em relação ao peso corporal (CMSPC) (P < 0,001), AG (3,01%), BG (2,07%) e MA (1,43%). Consequentemente, o GMD entre os tratamentos também foi diferente (P < 0,001) AG (0,90 kg/dia), BG (0,49 kg/dia) e MA (0,10 kg/dia). Para novilhas submetidas ao tratamento AG o CMS obtido foi semelhante ao proposto pelo NRC (2001) (PC = 150 kg, CMS = 4,19 kg/dia). Contudo, quando se procede a mesma comparação com os tratamentos BG e MA observa-se que há uma diferença entre o consumo proposto pelo NRC e os consumos obtidos. Esta diferença nos tratamentos BG e MA é ocasionada pela fórmula usada na equação do NRC (2001) para estimar o CMS que leva em consideração apenas o peso corporal e a energia líquida de mantença (ELm). Animais de mesmo peso, mas submetidos a planos nutricionais para diferentes ganhos, irão apresentar a mesma ELm, mas diferentes exigências de energia líquida de ganho. Portanto, a equação de consumo do NRC (2001) não prediz com precisão o CMS de novilhas mestiças sob diferentes ganhos de peso. |