Resumo |
As atividades florestais apresentam particularidades que as diferenciam dos demais setores da economia. Destacam-se o longo prazo, o alto custo para a sua implantação, o problema da escolha da taxa de juros a ser utilizada na formulação e análise de projetos florestais, as várias opções de destino final para a madeira, a presença de externalidades e de bens públicos. Neste contexto, o comportamento das variáveis econômicas relacionadas com o comércio internacional de produtos florestais brasileiros é alvo de interesse para os profissionais do setor. O objetivo deste trabalho foi analisar as variações no preço e na quantidade exportada, entre os anos de 1995 e 2013, dos principais produtos florestais comercializados pelo Brasil, e sua relação com a demanda e oferta destes produtos. Os dados para este estudo foram obtidos através da Food and Agriculture Organization. A princípio, consideraram-se como “principais produtos florestais” as quatro commodities que tiveram maior valor de exportações (em US$) pelo Brasil no ano de 2013: celulose, painéis de madeira, madeira serrada e papel. Foram coletados o preço e a quantidade exportada dos produtos no período entre 1995 e 2013. Além de gráficos com as tendências e preço e quantidade ao longo do tempo, foram feitas análises estimando modelos de tendência. O cálculo das taxas de variação anual foi feito para o modelo: lnYt = lnY0 + ln(1+r)t, onde Yt é o preço ou quantidade no tempo t, Y0 é o preço ou quantidade no tempo 0, r é a taxa média de variação de Y e t é o tempo em relação ao período inicial (zero). As taxas de variação da quantidade de painéis de madeira, polpa de celulose e papel exportados pelo Brasil, no período de 1993 a 2015, foram iguais a 5,94%, 10,13%, 2,60%, respectivamente. Para a quantidade exportada de madeira serrada, a taxa foi de -0,0087%. O comportamento positivo das exportações de celulose e papel brasileiros no período estudado foi consequência da vantagem competitiva do país na produção de matéria prima e consequentes investimentos no setor. Já as variações nas exportações de painéis de madeira e madeira serrada de 1995 a 2013 ocorreram devido à dinâmica da economia dos Estados Unidos (maior importador). Para a variação dos preços dos produtos no período analisado, as taxas foram iguais a -3,73% para polpa de celulose, -2,35% para madeira serrada, -7,35% para painéis de madeira e -5,10% para papel. As tendências de preço dos produtos acompanharam as tendências da cotação do dólar. Com base nas taxas para preço e quantidade, a oferta de polpa de celulose, painéis de madeira e de papel feita pelo Brasil no mercado internacional aumentou entre 1995 e 2013. Já para a madeira serrada, houve queda na demanda neste período. |