Resumo |
O uso do pó de rocha no cultivo de café na região vertente do Caparaó, Zona da Mata mineira, teve início em 2010. O pó de gnaisse é oriundo de pedreiras da região. O número expressivo de agricultores (as) utilizando o pó de rocha e o crescente número de pesquisas que avaliam a viabilidade técnica e econômica da utilização destes subprodutos motivou a realização da sistematização dessas experiências. O objetivo geral deste trabalho foi sistematizar conhecimentos construídos sobre a prática da rochagem por agricultores familiares. A sistematização da experiência iniciou-se em outubro de 2014 e utilizou-se entrevistas semiestruturadas e visitas às propriedades. Como resultado do uso de pó de gnaisse no café, os agricultores relataram que houve mai vigor, mais brotações, maior enfolhamento e maior tolerância das plantas ao sol, redução da seca dos ponteiros e melhor qualidade da bebida. Em hortaliças, relataram redução na irrigação, crescimento mais rápido e aumento na diversidade de plantas espontâneas. Os resultados das análises de solo indicaram a redução da aplicação de calcário. Em alguns casos a sua aplicação foi dispensada após o uso do pó de gnaisse. A redução do uso dos fertilizantes convencionais foi indicada pela análise de solo, confirmando as mudanças observadas visualmente nas plantas de café. Nos animais proporcionou melhoria no bem-estar animal, animais mais saudáveis, ovos com gemas vermelhas e cascas resistentes. O uso de pó de rocha também promoveu mudanças na rotina familiar e na qualidade de vida. A sistematização das experiências permitiu dar maior visibilidade aos diversos usos de pó de rochas e de outras técnicas pelos agricultores familiares da Zona Mata de Minas Gerais. No entanto, as atividades ainda estão sendo realizadas e os agricultores associam outras práticas ao uso do pó de rocha, por isto, ainda é cedo para afirmar se todas as observações referem-se exclusivamente ao uso do pó de rocha. Porém pode-se concluir que a utilização de pó de rocha na agricultura é mais uma alternativa para reduzir custos de produção, recuperar solos degradados e reduzir a dependência de insumos externos. Os autores agradecem aos agricultores/as, pela receptividade e acolhimento, ao CNPq (Edital MCTI/CT 38/2013) pelo suporte financeiro, à CAPES e à FAPEMIG, pela bolsa de pós-doutorado M.E.P. Souza. |