Resumo |
O trabalho objetivou analisar a Feira Livre de Viçosa sob a ótica teórica da Nova Sociologia Econômica (NSE).O argumento central da NSE é que toda ação econômica está imersa em relações sociais e que as relações sociais importam às análises da construção de mercados. Nessa perspectiva, procuramos compreender a feira livre como a formação de mercado onde se consolidam relações interpessoais que influenciam o processo comercial.Para realizar essa proposta foram aplicados 30 questionários na feira que ocorre ao Sábados no município de Viçosa.Para complementar as informações coletadas foram realizas mais 15 entrevistas com produtores rurais em suas respectivas residências. Também foram realizadas entrevistas com 15 consumidores e observações diretas que geraram ricas percepções que foram anotadas no caderno de campo. As amostras foram aleatórias, não probabilísticas e não intencionais. Por meio dos dados da pesquisa observamos que os produtores rurais que comercializam na feira livre de Viçosa, advêm de várias regiões próximas da cidade.Na totalidade, os produtores relataram que prezam pela proximidade e a relação com os clientes e outros feirantes.Assim, como observamos, e como disposto pelos pressupostos da NSE, as relações interpessoais e de proximidade entre produtores e muitos dos consumidores possibilitam uma transação regulada pelas relações de confiança. Estas relações estabelecidas levam em consideração apenas a reputação e não contratos formais, por isso alguns produtores permitem que certos consumidores que já são “mais próximos” possam “comprar fiado”; bem como alguns consumidores já deixam pago por mercadorias da semana que vem. Relações de proximidade entre produtores também os permite trocar mercadorias e estabelecer relações de empréstimo somente por meio da confiança. Nesses casos as relações de confiança, pela proximidade e pela reputação acabam regulando e definindo certas transações. Outra questão observada é que as redes já constituídas pelas relações estabelecidas permitem que os processos econômicos extrapolem o momento da feira-livre, construindo outros mercados.Conclui-se que devido à coesão das relações entre produtores e consumidores, a maior proximidade entre os atores favorece a construção das relações de confiança o que também desencoraja o comportamento oportunista, que por sua vez é considerado quase que inevitável no contexto das relações econômicas. Destarte, notou-se que as vendas na feira livre são arraigadas de questões simbólicas e culturais, determinantes da ida ou não a feira, a venda na feira e a decisão de compra na feira. Percebeu-se que a feira é muito mais que um mercado onde as transações comerciais,de compra e venda, acontecem.Esse local também é palco de intensas trocas simbólicas propiciadas pela interação entre produtores e consumidores, entre os produtores apenas e na criação de vínculos com os consumidores, além de ser um local de sociabilidade, e não só de trocas mercantis. |