Resumo |
Estudiosos do funcionamento da cognição na vida cotidiana tem observado como os seres humanos aprendem nas suas interações diárias (Rogoff, 2003; Van Dyjk, 2006; Molder & Potter, 2005). Eles observam que a aprendizagem envolve participação ativa e efetiva em atividades sociais. O papel do professor em situações de produção conjunta de conhecimento é o gerenciamento da atenção conjunta para certo tópico de aprendizagem, de modo que todos os participantes seriam potenciais aprendizes de um conhecimento novo. Assim, com o objetivo de observar os métodos pelos quais os participantes fazem aprendizagem de maneira situada, verificando e compreendendo os momentos em que eles se orientam para questões de saber/conhecer em comum, observamos a reformulação realizada pelos interagentes durante o evento aula. Entende-se por reformulação a atividade interacional de resumir, redizer ou parafrasear a fala do outro no decorrer de uma conversa. Para tal, usamos o aparato teórico dos estudos da Etnometodologia, da Análise da Conversa e da Psicologia Discursiva que são áreas que tem estudado a relação entre cognição e interação em sala de aula. É um estudo que enfatiza as atividades de fala naturalmente ocorridas em contexto educacional em que a partir das gravações em áudio do evento aula transcrevemos interações a serem utilizadas como corpus de análise desse evento. Após a descrição e análise das reformulações verificamos que práticas interacionais e pedagógicas são mais eficazes para a construção conjunta de conhecimento em sala de aula. Foi por meio do conceito acerca do termo formulação ou reformulação que analisamos as reformulações usadas pelo professor em sala de aula que de uma maneira geral parecem estar relacionadas à busca da intercompreensão, seja ela compreensão do tópico da aula, o qual o professor quer transmitir, seja para esclarecer alguma pergunta feita pelo aluno ao professor ou do professor para o aluno. A função principal das reformulações feitas pelo professor parece melhorar a comunicação em sala de aula e diminuir mal-entendimentos principalmente em relação ao tópico tratado. Assim, encontramos casos nos quais o professor reformula o texto didático, reformula a própria fala, reformula a fala do aluno e, por fim, quando o aluno reformula a fala do professor. Nesse sentido, faz-se imprescindível investigar os mecanismos linguísticos e interacionais empregados nas salas de aula, tendo em vista a necessidade de observação dos processos de aquisição e construção do conhecimento em interação para que procedimentos pedagógicos e didáticos possam ser pensados e repensados. |