Resumo |
A fossa evapotranspiradora é uma alternativa sustentável e de baixo custo para o tratamento de esgoto doméstico. Constitui-se em uma estrutura simples e de fácil operação, onde o esgoto é tratado por um sistema alagado com plantação no qual supostamente, todo efluente de entrada é evapotranspirado, os resíduos são paulatinamente digeridos e os nutrientes absorvidos pelas plantas. Neste trabalho utilizou-se o capim vetiver (Chrysopogon zizanioides) e bananeira nanica (Musa cavendishii), devido suas características ideais ao sistema de tratamento. O capim é de fácil adaptação, possui um profundo sistema radicular e tem uma alta eficiência na remoção dos nutrientes. A bananeira tem alta capacidade de evapotranspiração devido a sua grande área foliar. O objetivo principal do trabalho foi avaliar o sistema de fossa evapotranspiradora cultivada com capim vetiver e bananeira com relação ao atendimento das necessidades para uso doméstico. Para construção da fossa, utilizou-se um reservatório como tanque de tratamento, preenchimento por argila expandida, tendo no centro um tanque tipo “bombona” para retenção dos sólidos grosseiros. Aplicou-se 300 L de esgoto doméstico em bateladas diárias, sendo 150 L no início da manhã e 150 L no fim da tarde. O esgoto aplicado era proveniente do Condomínio Residencial Bosque Acamari em Viçosa, MG. O processo de tratamento do efluente iniciava-se em uma bombona de sedimentação localizada no centro da fossa e escoava por orifícios laterais, em contato com a argila expandida, o capim vetiver e as bananeiras. Observou-se bom desenvolvimento do capim vetiver e bananeira por meio da absorção de nutrientes contidos no sistema, uma vez que não foi aplicado nutrientes minerais. Constatou-se que não houve evapotranspiração total do esgoto e, portanto, avaliou-se a água de entrada e saída do sistema por um período de 6 meses. Em laboratório, foram realizadas análises de Condutividade Elétrica (CE), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Nitrogênio Amoniacal e pH. De acordo com os resultados obtidos nas análises do esgoto bruto em relação ao esgoto após passagem no sistema, observou-se uma eficiência satisfatória no desempenho do mesmo. A fossa proporcionou redução media de 72,8% da matéria orgânica, aferida pela DBO e 22,77% de decaimento do nitrogênio amoniacal, sendo o mesmo possivelmente adsorvido no biofilme e utilizado pelas espécies vegetais. O sistema mostrou-se estável com relação ao pH, sendo as medias de entrada e saída de 6,2±0,3 e 6,4±0,2, respectivamente. Os resultados indicaram que, considerando a simplicidade do sistema implantado, a fossa evapotranspiradora, apesar de não evapotranspirar todo afluente, é promissora no tratamento de águas residuárias domésticas, principalmente no meio rural, pois possui desempenho satisfatório na redução da carga poluidora. |