Resumo |
A quantidade e a qualidade da gordura consumida na dieta podem modular doenças crônicas como a obesidade. A quantificação do perfil lipídico eritrocitário permite avaliar o consumo alimentar em médio prazo, possibilitando o uso do eritrócito como um marcador biológico. Além disso, a obesidade e a ingestão energética aumentadas exercem efeitos prejudiciais à saúde, estando relacionadas à capacidade de induzir o estresse oxidativo. O objetivo desse estudo foi avaliar o perfil lipídico eritrocitário em mulheres e homens eutróficos e obesos, além do estresse oxidativo em homens eutróficos e obesos. Foi realizado um estudo transversal com 118 indivíduos, 84 homens e 34 mulheres, eutróficos (IMC 22,3±1,6 e %GC 18,7±4,6) e obesos (IMC 31,1±3,6 e %GC 28,6±5,7) com média de idade 27,7 ± 7,4 anos. A coleta de sangue foi realizada após 12 horas de jejum. Os lipídios totais nos eritrócitos foram extraídos, saponificados e esterificados. A identificação dos ácidos graxos foi realizada por cromatografia gasosa e os resultados expressos em percentual. Foi selecionada uma sub-amostra com 42 homens, sendo 21 eutróficos e 21 obesos, pareados de acordo com a idade, para a quantificação das enzimas envolvidas no processo de estresse oxidativo, catalase e superóxido dismutase. Quanto às análises dos eritrócitos, os obesos apresentaram maiores concentrações de ácidos graxos saturados (56,2±15,5%) em relação aos eutróficos (48,1±10,8%) (P=0,002), maiores concentrações de ácidos graxos monoinsaturados totais (18,9±17,3%) em relação aos eutróficos (8,9±7,0%) (P=0,007), além de maiores concentrações do ácido graxo monoinsaturado linoelaídico (C18:2t) (10,4±4,9%) em relação aos eutróficos (7,1±6,9%) (P=0,029). Porém, para poli-insaturados ômega 6 totais, os obesos apresentaram menores concentrações (9,1±4,4%) do que os eutróficos (19,7±6,9%) (P=0,015), como também para o ácido graxo alfa linolênico (C18:3 ômega 3), obesos apresentaram menores concentrações (0,5±0,2%) em comparação aos eutróficos (1,1±0,3%) (P=0,041). A atividade da enzima catalase no plasma não diferiu entre o grupo dos homens obesos (0,21 ±1,14) quando comparado ao grupo dos homens eutróficos (0,4 ± 0,3) (P=0,08). A atividade da enzima superóxido dismutase no plasma também não diferiu entre o grupo dos homens obesos (2,174± 0,483) quando comparado ao grupo dos homens eutróficos (2,9 ± 0,5) (P=0,87). Observa-se que os indivíduos obesos apresentaram um perfil de ácidos graxos desfavorável, com maior percentual de ácidos graxos saturados e monoinsaturados e menor percentual de ácidos graxos poli-insaturados, o que sugere uma ingestão alimentar inadequada. |